quinta-feira, 30 de julho de 2009

OBRAS DE ARTE NA PONTA DO DEDO

Se você gosta de arte como eu, não deixe de dar uma olhada na Web Gallery of Art, um museu virtual capaz de buscar em um banco de dados, pinturas e esculturas européias dos períodos gótico, renascentista, barroco, neoclássico, romântico e realista (1100-1850).

O arquivo conta atualmente com mais de 22.600 reproduções. A maioria das telas está em alta resolução.

As buscas podem ser feitas por título, autoria, período, tipo (paisagem religião, etc.) e até mesmo pelo local onde se encontra a obra atualmente (museus, galerias, etc.).

Imperdível!

Destaque:

GUERCINO

Retrato de Francesco Righetti

1626-28

óleo sobre tela, 83 x 67 cm

Coleção privada

http://www.wga.hu/

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A POLIGAMIA ENTRE OS JUDEUS

Por Jones Mendonça

Era a poligamia permitida na Jerusalém do tempo de Jesus? Joachim Jeremias diz que sim, e mostra documentos judaicos que comprovam isso.

Em relação ao rei, por exemplo, ele nos diz que “A mishna [obra rabínica que discute as leis] concede-lhe dezoito mulheres no máximo” (citando Sanh. II 4). Em relação a Herodes, ele revela que “teve dez mulheres” (citando Ant. XVII 1, 3 § 19; B. j. I 28, 4, § 562; cf. Ant XV 9, 3, § 319ss; XVII 1,2, § 14; B. j. I 24, 2, § 477).

As esposas tinham que tolerar a presença das concubinas ao lado do marido, como ocorria, por exemplo, com Abraão, Davi e Salomão. Joachim Jeremias destaca que no tempo de Jesus essa prática ficava reservada aos mais abastados, já que isso era bastante custoso. Alguns maridos preferiam casar-se de novo à repudiar a mulher, quando o contrato de casamento fixava uma taxa muito alta em caso de divórcio.

Joachim Jeremias constatou que essa prática era ainda comum em 1927, na cidade de Artas, perto de Belém. Dentre os 112 homens casados, 10% tinham mais de uma mulher. Na maioria das vezes, “apenas” duas.

É... como a mulher sofria no passado. Como se não bastasse terem que tolerar várias concubinas ao lado, eram obrigadas a andar quase como uma muçulmana talibã. Veja esse relato, para finalizar: “A mulher que saía de casa sem ter a cabeça coberta, quer dizer, sem o véu que ocultava o rosto, faltava de tal modo aos bons costumes que o marido tinha o direito, até mais, tinha o dever de despedi-la sem ser obrigado a pagar a quantia que, no caso de divórcio, pertencia à esposa, em virtude do contrato nupcial” (citando Tos. Sota V 9 (302, 7s) e Ket. VII 6).

Fonte:

JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestametário. Tradução de M. Cecília de M. Duprat. São Paulo: Paulus, 1983, p. 131, 136 e 486.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

GREGÓRIO, O CAPETA E OS NEOPENTECOSTAIS

Por Jones Mendonça

Após ler que a Assembléia de Deus dos Últimos Dias proíbe os membros de sua igreja a possuírem em suas casas plantas em vasos porque podem “esconder espíritos malignos” (leia aqui), comecei me indagar de onde tiraram essa idéia pitoresca. Revirei meus livros e como eu suspeitava a tal crença vem da idade média:


O papa Gregório Magno, em seus Diálogos, conta que uma pobre freira, tendo entrado na horta do convento para colher alfaces e comido, sem a oração devida, um pé de alface no qual um diabo se escondia, ficou por isso endemoniada [1].

Só para lembrar, Gregório Magno é o mesmo Gregório o Grande, um humilde monge que assumiu o papado meio contrariado. Não gostava muito de política. Gregório teve lá suas virtudes, mas acabou enfatizando demais os milagres e os episódios fantásticos operados pelos santos. Propagou os ensinamentos de Dionísio o Areopagita a respeito das categorias de anjos e obrigou todas as igrejas a terem pelo menos uma relíquia sagrada. Enfim, era até gente boa, mas adorava uma superstição. Pelo que vejo as igrejas neopentecostais estão seguindo o mesmo trajeto de Gregório. Como dizia um amigo meu “na igreja gospel nada se cria, tudo se copia”. O que não entendo é que eles são os maiores críticos do catolicismo romano.

Efatá!

[1] NOGUEIRA, Carlos Roberto F. O Diabo no imaginário cristão, 2002, p. 42.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O LIVRO DE ISAÍAS E A QUESTÃO DO DÊUTERO-ISAÍAS

Por Jones Mendonça

I. Introdução

O livro de Isaías, particularmente o chamado “Segundo Isaías”, é, sem dúvida, o mais belo exemplo da poesia profética do Antigo testamento. Isaías é inigualável por sua vivacidade espiritual e sua literatura tem inspirado evangelistas, teólogos e até mesmo estudiosos do comportamento humano. Salomão Ginsburg[1] relata ter se convertido lendo Isaías 53, episódio que o fez romper definitivamente com o judaísmo. O eunuco, mordomo-mor de Candace, lia o mesmo texto que Salomão Ginsburg quando foi abordado por Filipe[2]. Dietrich Bonhoeffer[3] recomenda ao destinatário de uma de suas cartas na prisão que pregue uma mensagem simples, baseada em Is 41:10. O psicanalista alemão Erich Fromm[4], no final de uma de suas obras, faz uso de uma de suas belas passagens (Is 43.19,20) com a finalidade descrever o estado ideal de paz, onde cessa todo o sofrimento e impulso de destruição.

A unidade do livro de Isaías e a atribuição da autoria da obra como um todo a um homem chamado Isaías, que teria vivido em Jerusalém, sempre foi aceita por judeus e cristãos. Mas foi apenas em 1755 que Johan Cristoph Doederlein defendeu a idéia de que a segunda parte teria sido escrita no cativeiro por um profeta cujo nome a história não registrara e que alguns chamam de “o Isaías da Babilônia”.

Essa hipótese tem suscitado polêmicas. Halley, por exemplo, diz que “Isaías morreu 150 anos antes da época de Ciro; todavia recebe aqui [no capítulo 41 de Isaías] uma visão da rápida conquista que este [Ciro] fez do mundo...”. Ele continua, dizendo que o segundo Isaías “é uma invenção da crítica moderna [5].

O fato de ter sido escrito por um, dois ou até mesmo três autores, não diminui ou torna menos inspirada a sua mensagem. A autoria do livro de Hebreus foi por muito tempo atribuída a Paulo e o livro de Salmos a Davi. Hoje sabemos que o autor de Hebreus é desconhecido e que o livro de Salmos tem vários autores, mas nem por isso esses livros deixaram de ter a importância religiosa que sempre lhes foi imputada.

II. Contexto histórico

O contexto histórico e geográfico do segundo Isaías é nitidamente diferente daquele narrado até o capítulo 39. Não se fala mais, a partir do capítulo 40 sobre a Assíria, o poder dominante do Oriente próximo no período de Isaías de Jerusalém. A diferença entre os dois momentos históricos é de cerca de 150 anos. O reino de Israel não existe mais e o povo de Judá se encontrava agora no cativeiro babilônico. Esta cidade ficou conhecida como herdeira dos sumérios e dos acádios, chamada de “o ornamento dos reinos, a altiva jóia dos caldeus” pelo profeta Isaías (Is 13:19). O legislador Hamurábi, a epopéia de Gilgamesh, o construtor Nabucodonosor, a torre de Babel (o zigurate de Etemenanki), os jardins suspensos, os palmeirais da cidade fortificada, a porta azul de Ishtar, tudo isso tornam Babilônia uma cidade quase mítica.

Mas o renascimento da Babilônia foi tão curto quanto explêndido. Os sucessores de Nabucodonosor II mostraram-se fracos e vacilantes. Amel Marduc, foi assassinado após dois anos de governo (562-560) e Neriglisar não reinou muito mais tempo (560-556). Nabônides, último rei da Babilônia, incorreu na cólera de muitos de seus compatriotas ao tentar substituir por outra divindade o supremo deus Marduk, e a discórdia religiosa que ele suscitou serviu para abrir caminho ao conquistador que tinha reputação de respeitar as tradições daqueles a quem submetia. Esse conquistador foi Ciro, rei dos persas, um povo que se tornara o poder predominante do Irã pelos meados do século VI a.C. Brilhante guerreiro e estadista invulgar, Ciro já havia constituído um enorme reino que ia da Índia à Líbia, no litoral Egeu da Ásia Menor. O nascimento e a juventude desse líder estão envoltos em lendas. Heródoto relata que o rei medo Astíages sonhou que de sua filha “saía uma torrente de água tal que não só encheu sua capital, mas que inundou a Ásia inteira[6]. O grego Xenofonte celebrou a fundação de seu reino num grande romance, a “Ciropédia”. Assim ele descreve Ciro: “era de estatura elegantíssima, de um coração cheio de benevolência, e muito amante da sabedoria e da honra[7]. Parece que o profeta Isaías não foi o único a lhe render elogios.

Enquanto Nabônides desfrutava do oásis de Teima, deixando como regente em Babilônia seu filho Baltasar, o poder de Ciro aumenta vertiginosamente. Começou sendo súdito dos medos; porém, com o auxílio de Nabônides, revoltou-se contra eles e inclusive conquistou a capital, Ecbátana, no ano de 553. Nabônides percebeu tarde demais o seu erro de prestar auxílio a Ciro. Faz aliança com Amásis do Egito e com Creso da Lídia para enfrentar à nova ameaça persa. No ano 547, Ciro marchou contra a Lídia, conquistou Sardes e se apoderou da maior parte da Ásia Menor (Schökel[8] levanta a possibilidade dessa campanha ter sido referida em Is 41,2-3; 45,1-3). Nos anos seguintes, Ciro estendeu seus domínios para leste a fim de assegurar-se contra possíveis invasões do centro da Ásia.

No outono de 539 a.C. Ciro tomou Babilônia quase sem luta, e o berço da civilização, agora debilitado, tornou-se parte do império persa. Mas esta última conquista desobedeceu inteiramente aos padrões estabelecidos; ela foi sem exemplo dentro dos métodos guerreiros do Antigo Oriente. Desta vez não se elevaram colunas de fogo atrás das muralhas destruídas, não foi arrasado nenhum templo ou palácio, nenhuma casa saqueada, ninguém foi massacrado ou empalado. O cilindro de barro de Ciro conta, em escritura babilônica, como as coisas ocorreram:

Quando entrei pacificamente em Babilônia e, entre manifestação de júbilo e alegria, estabeleci a residência da soberania no palácio dos príncipes, Marduk, o grão-Senhor, inclinou para mim o grande coração dos babilônios, porque eu me preocupava em honrá-lo diariamente. Minhas tropas numerosas percorriam Babilônia pacificamente, e não permiti que os sumérios nem os acádios fossem assustados por ninguém. Interessei-me pelo interior da Babilônia e por todas as suas cidades. Libertei os habitantes da Babilônia do jugo que não lhes convinha. Melhorei suas habitações arruinadas, livrei-os de seu sofrimento... Eu sou Ciro, o rei da coletividade, o grande rei, o rei poderoso, rei de Babilônia, rei dos sumérios, rei dos acádios, rei dos quatro cantos do mundo...[9].

Para o profeta Jeremias, Babilônia era “uma taça de ouro na mão de Yahweh, que embriagava toda a terra” (Jr 51,7), mas toda sua beleza, o “ornamento dos reinos, a altiva jóia dos caldeus” (Is 13:19), caíram nas mãos de Ciro e assim o sentimento de esperança ganhava força nos corações dos exilados, embalados pela pregação do Segundo Isaías.

III. A teologia do livro

Nos capítulos 40 a 55 começa a ressoar uma voz evidentemente nova no livro de Isaías. Cessam os dados autobiográficos; o estilo, unitário, não é mais o do Isaías que escreveu até o capítulo 39, embora se esforce em imitar suas formas. Trata-se de um poeta realmente refinado, só que mais retórico que o Isaías clássico; desdobra suas imagens em meio a repetições, fórmulas quaternárias. Possui descrições menos rigorosas; gosta dos hinos exultantes e dos oráculos de salvação, pois sente que a salvação começou no tempo presente. Com efeito, sua mensagem estimula os hebreus a voltarem para a Palestina, já assentados na Babilônia durante seu longo desterro. Mas este profeta deixou um rastro fundamental na teologia bíblica, revelando a eficácia da esperança e da palavra de Deus (é inesquecível o hino à “palavra” com que acaba seu livro: 55,10-11). Serão destacados a seguir três temas que merecem destaque na obra do segundo Isaías.

3.1 O Novo Êxodo

A designação do Ciro, o imperador persa, como novo “instrumento” da obra salvífica que Deus vai estabelecendo na história, é exaltado pelo profeta: “Sua espada os reduz a pó, seu arco os dispersa como palha” (41,2). O livro do Segundo Isaías está cheio de poemas em honra a Ciro (41,21-29; 44,24-28; 45,1-7; 45,9-13; 46,9-11; 48,12-15). Enquanto no Egito o faraó desempenhou papel principal, ainda que de forma negativa, na Babilônia não se menciona o seu rei nem lhe é oferecida possibilidade de atuar responsavelmente nos eventos.

A fé significa também reconhecer no presente a intervenção de Deus ao lado de um homem e de um povo. Assim, a fé é um arriscar-se seguindo os sinais dos tempos desde sua concretização histórica. Deste modo, a liberação que agora oferece Ciro é vista como um novo sinal da salvação; por isso a volta do desterro pode ser definida como “o segundo êxodo”. Isaías 40-55 é, como nos diz Schökel “o grande poema do retorno do exílio[10]. Se no primeiro êxodo Iahweh fez o mar se abrir, agora ele anuncia de forma gloriosa: “farei de todos os meus montes um caminho; e as minhas estradas serão exaltadas” (Is 49:11). Esta ação, o Senhor a realiza com a autoridade de "resgatador" (גָּאַל). Essa expressão, que se repete 17 vezes entre os capítulos 40 a 55 do livro de Isaías, tem o sentido de redimir, liberar, vingar ou assumir responsabilidade de parente. Usa-se basicamente à liberação de pessoas e propriedades vendidas para cancelar dívidas[11]. Assim, em virtude da sua solidariedade com o seu povo, Yahweh assume a tarefa de resgatá-lo, mas para isso não terá de pagar resgate, uma vez que atua como soberano e os seus filhos têm direito à liberdade.

O primeiro êxodo passa a ser para Isaías um tipo, visando prefigurar o novo Êxodo da Babilônia, que como antítipo supera escatologicamente o primeiro Êxodo. Essa saída é a nova fundação escatológica de Israel. Segundo Fohrer[12] é com o Dêutero-Isaías que começa efetivamente o profetismo escatológico. Isso demonstra que o primeiro êxodo, enquanto acontecimento em­pírico, tem limite e condicionamento, mas enquanto salvação divina, não se esgota, mas se supera a si próprio com vistas ao futuro. Como experiência religiosa e com múltipla formulação oferece-se de novo, anulando o limite e o condiciona­mento: a salvação de Deus, que penetra na história para nela se realizar, ultrapassa essa história com sua plenitude sem limites.

3.2 O monoteísmo

A supremacia divina sobre o cosmos é um dos temas prediletos do profeta, que introduz uma reflexão bastante explícita sobre a criação. Utiliza 16 vezes o verbo quase técnico bara (ברא), “criar” (p.ex., 41,4; 46,4; 48,12); mas a criação não é considerada sob um perfil filosófico: é o primeiro ato divino na história da salvação (Sl 136); por isso mesmo, como o êxodo, pode reatualizar-se agora no retorno de Babilônia, que é como uma recriação a partir do caos e do nada. O senhorio divino sobre os acontecimentos temporários se converte em um ato de confiança para os desterrados, porque eles sabem que o Senhor os sustentará em seu itinerário de reconstrução. Floresce então a polêmica anti-idolátrica que o Segundo Isaías desenvolve com grande satisfação e intensidade (40,19-20; 41,6-7.21-24; 44,6-20; 46,5- 6). Ao salvar, Yahweh demonstra que existe e que atua na história. O Deus criador e salvador é, portanto, a fonte da esperança que deve sustentar os desterrados que se preparam agora para seu êxodo da Babilônia. Mas para que esse êxodo ocorra será preciso vencer múltiplas resistências. Será preciso vencer a Babilônia, que confia nos seus deuses, acreditados pela vitória e pela grandeza do império, temíveis atrativos também para Israel. Um monólogo babilônico dedicado ao deus Marduk mostra o quanto essas divindades poderiam ser sedutoras para os israelitas:

Eu glorifico ao Senhor muito sábio, o deus razoável, Marduk,

que se irrita de noite, mas se calma chegado o dia...

Como a tormenta de um ciclone, envolve tudo com sua cólera,

depois seu fôlego se faz benévolo, como o zéfiro do amanhã.

Irresistível é primeiro sua ira, e sua raiva, catastrófica,

depois seu coração se amansa, sua alma se recupera.

Os céus não suportam o choque de seus punhos,

mas sua mão a seguir se apazigua e socorre ao desesperado...

Entra em cólera, e os sepulcros se abrem,

mas quando perdoa, restabelece às vítimas da carnificina...[13].

Mas Isaías lembra que essas divindades feitas pelo homem não tem valor: “nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar” (Is 45,20). Na mentalidade babilônica a estátua “encerrava” a divindade, como nos diz Bottéro:

Misteriosamente, mas realmente aos olhos dos fiéis, a imagem do deus “encerrava” sua pessoa e assegurava sua “presença real”. Em nome do mesmo “realismo” se deslocava, por exemplo, os deuses, sob a espécie de suas imagens, transportados, em carro ou em navio [...] para que visitassem outras divindades, ou inclusive as tombava juntas em sua “câmara” fechada, para que passassem juntas sua noite de bodas, como na “hierogamia” aos olhos dos fiéis[14].

.

Isaías então zomba dos ídolos e dos seus fabricantes, estabelecendo um sistema de contrastes entre a multidão do pan­teão babilônico e a intimidade do Senhor, entre a sua inércia e a atividade do Se­nhor. A oposição baseia-se em palavras comuns aos fabricantes, aos ídolos, ao Senhor. Assim, por exemplo: eles escolhem madeira, modelam um ídolo, fazem uma estátua; o Senhor escolhe homens, modela um povo, cria o universo; eles dão consistência à estátua, prendem-na com pregos, carregam-na sobre azêmolas; o Senhor dá consistência à terra, sujeita o seu enviado, carrega o seu povo; eles cansam-se, passam fome e sede, os braços ficam caídos; o Senhor não se cansa, antes comunica força ao que está cansado, sacia os famintos e os sedentos, ergue o seu braço vitorioso.

3.3 A mensagem de consolo

A crise da monarquia davídica, com o desmoronamento no ano 586 a.C, faz fracassar também o esquema messiânico “real”; as esperanças se concentram em uma presença de Deus através da palavra profética sobre a base da promessa de Dt 18,15.18. Também a figura enigmática do “servo de Yahweh” (título solene na Bíblia, aplicado a Abraão, Moisés, Davi, os profetas, Ciro, Israel, etc.), que o Segundo Isaías desenha em quatro poemas que se fizeram célebres, sobretudo na releitura cristã, adquirindo conotações proféticas. Assim, a salvação se levará a cabo de agora em diante, não através das estruturas davídicas, mas através do testemunho de um profeta ideal sobre cuja identidade exata é difícil se pronunciar. No primeiro poema (42,1-4), mediante uma fórmula de coroação, o servo é apresentado por Deus à corte celestial: o Espírito derramado sobre ele relaciona-se com a tipologia real (Is 11,1-2). Sua missão é a de anunciar a lei divina, ou seja, a revelação da vontade do Senhor, às “ilhas”, à humanidade inteira. O método é novo: já não há veemência nem julgamento, mas, um anúncio de graça e de esperança.

No segundo poema (49,1-6) é o servo o que fala em primeira pessoa fazendo sua auto-apresentação. A sua chamada é mediante a palavra, que é espada e flecha, quer dizer, uma realidade que toma a iniciativa. Como na vocação de Jeremias, está presente a objeção; mas o amparo de Deus, representada pela sombra de sua mão e pela “aljava”, acaba com toda a perplexidade, e o servo pode anunciar a salvação até os confins da terra. Cheio de alusões a Jeremias e às críticas que teve que suportar o terceiro poema (50,4-9), que revela um novo aspecto do servo: é uma pessoa que sofre, que é golpeado nas costas, apesar de ser o sábio por excelência ao ter sido constituído porta-voz da palavra de Deus. O desprezo que sofre é agressivo, com as cusparadas e o açoite. Entretanto, sai conscientemente ao encontro destas conseqüências de seu ministério, seguro da vitória pela cercania de Deus. Chega-se assim ao quarto poema (52,13-53,12), o mais famoso. O corpo do hino se desenvolve sobre a trama dos sucessos trágicos vividos pelo servo e alcança seu topo no contraste “humilhação-glorificação”. O servo nasce como um broto no deserto (Is 11,1; Jr 23,5-6; Jr 23, Jr 3,8); é portanto uma presença viva e gratuita em meio a um mundo morto. É um homem desfigurado e desprezado, já que sua tortura é considerada como signo de um julgamento por parte de Deus. Mas, na realidade, são os espectadores os que têm que confessar seu próprio pecado, que tem cansado sobre ele sem culpa alguma. O castigo seria nosso, mas a dor será dele. Sua entrega é total, com a docilidade de um cordeiro conduzido ao sacrifício; o que lhe aguarda é a morte e a sepultura (mesmo que neste aspecto não há acordo pleno entre os exegetas sobre o valor que terá que atribuir às imagens). Entretanto, “ele jamais cometeu injustiça nem houve engano em sua boca” (53,9). Mas a morte não é o desenlace definitivo para o que correu a vida do servo. Mais ainda, a morte faz brotar o mistério de fecundidade que aquele broto continha, e o justo contempla agora a luz e se sacia em Deus, que declara inocente a seu servo. Este ato de humilhação e de exaltação teve para os cristãos teve um nome concreto: Cristo e sua paixão, morte e glorificação. Com efeito, os evangelistas aplicaram este quarto poema à interpretação dos acontecimentos finais da vida terrena de Cristo e ao valor salvífico de sua morte e de sua ressurreição.


Notas:

[1] GINSBURG, Salomão. Um judeu errante no Brasil, 1970, p.25.

[2] Atos 8:30.

[3] BONHOEFFER, Dietrich. Resistência e submissão, 1968, p.171.

[4] FROMM, Erich. O dogma de Cristo e outros ensaios, 1965, p.160.

[5] HALLEY, Henry H. Manual Bíblico: Um Comentário Abreviado da Bíblia, 1971, p. 269.

[6] KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão, 2000, p. 260.

[7] XENOFONTE. Ciropédia, 1964, p. 18.

[8] SHÖKEL, L. Alonso; SICRE DIAZ, J. L. ,Profetas I, 1991, p. 270.

[9] KELLER, Werner, op cit. p. 262,263.

[10] SHÖKEL, L. Alonso; SICRE DIAZ, J. L.,op cit. p. 271.

[11] VINE, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine, 2002.

[12] FOHER, apud GUNEWEG, 2005, p. 291

[13] BOTTÉRO, Jean. Lá religión más antigua: Mesopotâmia, 2001, p. 135.

[14] Ibid, p. 50,51.

UM MITO DA CRIAÇÃO DOS ÍNDIOS NORTE-AMERICANOS

Por Jones Mendonça

Conta uma lenda que o “Velho Homem”, divindade criadora na religião dos índios norte-americanos, decidiu que faria uma mulher e uma criança. Após fazê-los do barro, os dois foram se modificando com o passar dos dias, até que no quarto dia se levantaram e andaram até o rio. Lá o Velho Homem se apresentou aos dois.

Após saber que iria viver para sempre, a mulher, indignada, se dirige ao Criador. Deixarei que o leitor aprecie o mito na forma como foi transcrito por Joseph Campbell:

Enquanto estavam lá à beira do rio, a mulher perguntou ao Velho Homem “Como é isso? Vamos viver sempre, não haverá fim?”. E ele respondeu: “Jamais pensei nisso. Temos que decidir. Pegarei este pedaço seco de estrume de búfalo e o jogarei no rio. Se ele flutuar, as pessoas morrerão, mas em quatro dias voltarão a viver novamente; elas morrerão apenas por quatro dias. Mas se ele afundar, haverá um fim para as pessoas”. Ele lançou o pedaço de estrume no rio e o estrume ficou boiando. A mulher pegou uma pedra e disse: “Não, não deve ser assim. Vou atirar esta pedra na água e se ela boiar, viveremos para sempre, mas se afundar, as pessoas terão que morrer para que elas possam ter pena umas das outras e umas lamentarem as outras”. A mulher atirou a pedra na água e a pedra afundou. “Muito bem!”, disse o Velho Homem: “Você escolheu! E assim será!” [1].

Na continuação da história o Velho Homem ensina os primeiros humanos a escolher as raízes boas para comer, como cozinhar a carne dos animais e até mesmo o segredo para manter o vigor físico, reservando um tempo para dormir.

O mais curioso nessa história é que o Criador (o Velho Homem) é ao mesmo tempo o Trapaceiro. Após deixar a terra, se dirigiu para debaixo da terra, tomando conta do mais inferior dos quatro mundos. O Trapaceiro é um insensato, uma figura ambígua, devasso, cruel, princípio da desordem, mas também o portador da cultura. No relato bíblico da criação, ao contrário, Satã é uma personagem distinta de Yahweh.

Apesar das diferenças nítidas, como a confusão entre Deus/Diabo, há paralelos interessantes nessa história. Como no relato bíblico da criação é a mulher que toma a iniciativa de escolher entre viver eternamente e morrer, já que é ela a primeira a comer o fruto proibido. Também como no relato bíblico homem e mulher são criados a partir do barro.

Há entre os índios Kadiwéu, no Pantanal mato-grossense, um mito que carrega semelhanças com a história dos índios americanos e também com o relato hebraico-cristão da criação. No mito Kadiwéu, o Criador, chamado de Go-noêno-hôdi, tinha a intenção de criar um “mundo bom, uma vida fácil para os homens e assim fez” [2]. Mas Caracará não se agradou dessa ordem e o convenceu de que isso não estava certo, pois desse modo não poderia julgar qual a mulher trabalhadeira e a mulher preguiçosa, nem o bom caçador do mau caçador. Convencido pelo Caracará, Go-noêno-hôdi transformou aquela ordem idílica na atual. Caracará também convenceu Go-noêno-hôdi de que o homem não poderia viver para sempre, afinal não haveria no futuro espaço para tanta gente.

Fico fascinado com essas semelhanças. Como tenho uma coleção de mitos da criação de diversas partes do mundo que carregam semelhanças incríveis entre si, pretendo publicá-los aqui o blog aos poucos. Explicação para isso... Ah, existem muitas. Deixe a sua sugestão.

Notas:

[1] CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus, 1992, p. 224.

[2] RIBEIRO, Darcy. Os kadiweu, ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza, 1980, p. 56.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA ALELUIA?

A palavra “aleluia” significa “louvai a Iahveh”. O termo “hallelu” (louvai - imperativo do piel) + “yah” (forma abreviada de Yahweh) = halleluyah. Segundo Sílvia Schroer e Thomas Staubli [1] a palavra “halel” passou a ser utilizada para exprimir a idéia de “louvor” porque os povos orientais tinham o costume de demonstrar alegria com um gracioso “ulular”, tremulando a mão na garganta. Assim, “ulular” se transformou com o tempo em “halel”. Ululemos à Yahweh!

[1] SCHROER, Silvia; STAUBLI, Thomas. Simbolismo do corpo na Bíblia. 2003, p.77.

Imagem: Detalhe de um relevo no palácio de Assurbanipal em Nínive (Iraque 668-626 a.C). Em uma comemoração de vitória por ocasião da tomada de uma cidade elamita pelo dominador assírio, as mulheres cantarolam e fazem vibrar a garganta.

terça-feira, 14 de julho de 2009

FUNDAMENTALISTA OU LIBERAL?

Por Jones Mendonça


A discussão entre liberais e fundamentalistas é antiga. Os liberais mais extremados defendem, por exemplo, que a Bíblia é uma mera narrativa que exprime a fé de um grupo de pessoas. Negam, portanto, que seja produto da inspiração divina.


Os fundamentalistas, por outro lado, defendem a inspiração bíblica “letra por letra”. Adoram defender o “Textus receptus” (leia abaixo um artigo sobre o assunto) como correspondendo exatamente o texto escrito pelos autores bíblicos.

Se o ponto de vista dos liberais leva o cristianismo à falência, o fundamentalismo produz intolerância e arrogância.

Mas a questão entre liberais e fundamentalistas é mais complexa do que parece. Carl Barth, por exemplo, foi chamado de fundamentalista pelos liberais e de liberal pelos fundamentalistas. Enfim, não agradou nem antioquenos e nem alexandrinos!


Rudolf Bultmann é outro desses casos. Ele foi, ao lado da Carl Barth, um crítico da teologia liberal. Por ironia hoje ele é conhecido como um teólogo liberal. Vai entender...

Eu, por exemplo, me considero um equilibrado (como todo mundo, é claro!), mas já fui chamado de “batista roxo”, “ultra ortodoxo” e coisas do gênero. Em alguns círculos acabei rotulado de liberal.


E a gente vai vivendo assim, na corda bamba...

O QUE SÃO O CODEX SINAITICUS E O CODEX VATICANUS?

Por Jones Mendonça

O Codex Sinaiticus (Códice Sinaítico), também conhecido como Manuscrito “Aleph”, foi encontrado em 1859 por um jovem catedrático da universidade de Leipzig chamado Constantin von Tischendorf. Numa viagem ao Oriente Médio em busca de manuscritos bíblicos ele acabou encontrando no Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai (Egito), alguns manuscritos antigos identificados como traduções do Antigo Testamento grego (Septuaginta). O codex (espécie de livro costurado à mão) estava escrito em caracteres unciais (letras maiúsculas) e continha a maior parte do Antigo Testamento e o Novo Testamento completo.

Também foram encontrados dois documentos cristãos: a Epístola de Barnabé (antes só existia uma precária tradução em latim) e uma parte do Pastor de Hermas (até então só conhecida pelo título). O manuscrito encontra-se no Museu Britânico de Londres desde 1933. O Codex Sinaiticos data do século IV d.C. e demonstrou ser um dos melhores textos do Novo Testamento.

Um outro manuscrito não menos valioso é o Codex Vaticanus (códice Vaticano). Ele tem esse nome porque foi conservado na biblioteca do Vaticano longe dos olhos dos estudiosos até o ano de 1889, quando finalmente foi publicado um fac-símile de todo o manuscrito. O Codex Vaticanus surgiu pela primeira vez nos catálogos da biblioteca do Vaticano em 1475, permanecendo longe do conhecimento público por cerca de 200 anos. Como o Codex Sinaiticus, o Vaticanus foi produzido no século IV. Alguns eruditos acham que tanto o Codex Vaticanus quanto o Sinaiticus formavam parte das cinqüenta cópias que o imperador Constantino mandou fazer depois de sua conversão ao cristianismo. O Codex Vaticanus contêm o Velho Testamento em grego (com omissões), e o Novo Testamento incompleto [1].

O Sinaiticus e o Vaticanus são apenas dois de cerca de três mil manuscritos até agora conhecidos e catalogados. Apesar da ótima qualidade dos textos não é possível dizer que ambos são cópias fiéis dos textos originais, já que é possível encontrar algumas divergências entre eles.

Dá-se o nome de Crítica textual o estudo nas numerosas variantes verificadas nos manuscritos disponíveis. Alguns cristãos conservadores buscam em vão definir uma versão que possa ser considerada cópia fiel do texto originalmente produzido pelos escritores bíblicos. Tal modo de pensar tem feito com que muitos recusem versões modernas obtidas a partir das pesquisas desenvolvidas pela crítica textual[2]. Isso ocorreu, por exemplo, em relação à publicação da famosa Nova Versão Internacional (NVI), que retirou algumas passagens que vinham sendo publicadas por séculos, apesar da dúvida em relação à sua autenticidade. O problema surgiu porque o primeiro Novo Testamento grego traduzido por Erasmo, em 1516, continha textos que mais tarde foram considerados inautênticos, como, por exemplo 1Jo 5. 7,8. Acontece que Erasmo não possuia o Codex Sinaiticus e nem o Codex Vaticanus. Ele se baseou principalmente em mansucritos do século XII, que agora reconhecemos como bastante inferiores. Erasmo inicialmente se negou a publicar as passagens que não eram encontradas nos manuscritos gregos, mas diante das duras críticas que recebeu, acabou inserindo tais textos na sua publicação. Tais textos eram encontrados apenas em algumas versões latinas disponíveis na época, sendo provavelmente inserções feitas por copistas [3]. Além do texto de João citado acima, outras passagens foram eliminadas por versões modernas, já que não são apoiadas por nenhum testemunho em grego que seja conhecido. A retirada dos textos provocou o protesto de muitos cristãos, mas não há nenhuma razão para alarde, já que a ausência dos referidos textos não implica em nenhuma mudança em relação às doutrinas fundamentais da fé cristã.

Notas:

[1] Faltam quatro capítulos de Hebreus (encerra-se em 9.14), as epístolas Pastorais (dirigidas à Timóteo e a Tito), a carta à Filemon e o Apocalipse.

[2] Joseph Angus faz um comentário sobre a defesa do texto tradicional (chamado de Textus Receptus): “As pretenções superiores do ‘Texto Tradicional’, ou noutras palavras, do Textus Receptus, purificado de algumas pequenas máculas, foram vigorosamente sustentadas pelo erudito Deão de Chichester, Dr J. B. Burgon, e pelo seu partidário e sobrevivente, o Prebendário Mill”. Ainda segundo Angus, o argumento principal utilizado pelos defensores do Textus Receptus foi o de que “o Divino Fundador da Igreja não teria permitido que por tantas gerações fôsse (sic) aceita uma Escritura corrompida”.

[3] A Bíblia de Jerusalém traz o seguinte comentário a respeito do texto de 1Jo 5.7,8: “O texto do vv. 7-8 é acrescido na Vulg. de um inciso [...] ausente dos antigos mss gregos, das antigas versões e dos melhores mss da Vulg., o qual parece ser uma glossa marginal introduzida posteriormente no texto”.

BIBLIOGRAFIA

ANGUS, Joseph. História, doutrina e interpretação da Bíblia – vol I. Tradução de J. Santos Fiqueiredo. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1951.

BÍBLIA DE JERUSALÉM: nova edição, revista e ampliada. São Paulo. Paulus, 2003.

LADD, George E. Critica del Nuevo Testamento. Mundo Hispano, 1990.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

BÍBLIA EM HQ DE CRUMB É FIEL AO TEXTO ORIGINAL

O cartunista Robert Crumb lança em outubro sua versão do Livro do Gênesis. A primeira parte foi publicada na semana passada na revista “New Yorker’’ e mostra que, apesar de respeitar “palavra por palavra’’ o texto original, o livro merece a advertência da capa: “supervisão de adultos recomendada para menores’’.

Nome lendário das HQs underground - com personagens como o Gato Fritz e Flakey Foont -, Crumb atribuiu o aviso não às ilustrações, mas ao conteúdo. À “New Yorker’’ disse se preocupar com a hipótese de as pessoas darem para seus filhos um livro de ilustrações da Bíblia sem considerar o enredo.
De início, ele pretendia apenas retratar a história de Adão e Eva, mas optou por ilustrar o Livro do Gênesis, que inclui a criação do mundo, Adão e Eva, Caim e Abel e a Arca de Noé.

O texto de apresentação afirma que a obra foge da interpretação teológica ou escolar que muitas vezes obscureceu as histórias mais dramáticas da Bíblia. Em blogs e sites especializados, é tido como o lançamento do ano.

O Deus de Crumb tem cabelos longos, barba, sinais de velhice e manto branco. Em entrevista ao “Guardian’’, ele falou da dificuldade em criá-lo.

“Meu problema era como desenhar Deus. Como luz no céu com diálogos em balões saindo dele? Então, Deus apareceu num sonho. Foi apenas por um segundo, mas eu vi claramente como ele era. Então, disse: ‘Ok, já sei como fazer’.’’

Crumb considerou a hipótese de desenhar Deus como uma mulher negra, mas concluiu que no Velho Testamento ele é um velho patriarca judeu. Eva aparece como uma mulher com coxas, bunda e seios avantajados e cabelos longos.

À “New Yorker’’, ele afirmou que suspeita que Deus exista, mas que não procura orientação no Gênesis. “É muito primitivo.’’

As imagens divulgadas na revista vão até a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden. À primeira vista, impressionam pela riqueza de detalhes, como as gotas de suor de Adão ao ser questionado por Deus após ter provado o fruto proibido ou o modo como os dois se entreolham após comerem o fruto e descobrirem que estão nus.

A gama de nuances está ligada a uma pesquisa rigorosa. O blog da “New Yorker’’ afirma que o cartunista procurou informações para definir detalhes físicos e se inspirou em filmes como “Os Dez Mandamentos’’, “Ben Hur’’ e “A Última Tentação de Cristo’’.

O livro já está em pré-venda na Amazon com preço que varia de US$ 16,47 a US$ 315 para a edição em capa dura.

Folha/NC

quinta-feira, 9 de julho de 2009

OS LIVROS HISTÓRICOS PARTE II - DA LIBERTAÇÃO AO SILÊNCIO PROFÉTICO

Na lição anterior, vimos que Israel (povo do Norte) foi levado cativo pela Assíria no ano de 722 antes de Cristo. Judá (povo do sul) também sucumbiu ao império da vez, a Babilônia. Ciro, um grande líder da época, reuniu os medos e os persas e entrou na Babilônia praticamente sem encontrar resistência, sendo aclamado pelo povo, que o considerava libertador. Todo o império babilônico passou para as suas mãos, inclusive a palestina. No ano de 538 antes de Cristo, através de uma circular expedida por este rei persa, os exilados israelitas receberam licença para retornar a sua terra. Personagens como Sassabassar, Zorobabel, o sacerdote ESDRAS e o leigo NEEMIAS, foram batalhadores incansáveis na reorganização da comunidade judaica. O livro de CRÔNICAS reconta toda a história, desde Adão até o exílio e o livro de ESTER narra uma história que tem como pano de fundo o período de dominação persa. (Aqui acaba a história de Israel no Antigo testamento).