sábado, 29 de agosto de 2009

A POLICIAL E O TERAPEUTA*

Por Jones Mendonça


Numa sala de consultório estão apenas um homem e uma mulher. Ele, um terapeuta. Ela, uma policial com sérios problemas ligados à área sexual. O consultório é agradável, com poltronas macias e aconchegantes. Quadros coloridos e um tapete felpudo dão um ar de informalidade. A policial, cheia de expectativa, imagina que o terapeuta terá ótimas respostas para o seu problema. Periodicamente ela vai ao consultório e lhe relata seus segredos mais profundos e íntimos. O terapeuta, muito atento, ouve com paciência todas as suas queixas e inquietações. O tempo passa e algo muito natural acontece. A paciente imagina que o terapeuta é o homem da sua vida. Ele é simpático, a ouve com paciência e ainda lhe transmite tranqüilidade e segurança. Os entendidos no assunto dizem que tal fenômeno tem nome, chama-se “transferência”.


No caso em questão o problema tornou-se ainda mais agudo, já que o terapeuta também se sentiu atraído pela paciente. Isso o incomodou bastante, a ponto de pedir conselhos a uma médica de sua confiança. Ela lhe lembrou que a ética médica não permite esse tipo de relacionamento. Existem normas, regras a serem seguidas, dizia ela. Ele ficou inconsolado e até pensou em deixar a profissão. O desejo pela paciente o consumia e um dilema passou a perturbá-lo dia e noite. De um lado os homens-encarregados-de-criar-as-normas, que lhe diziam: “Enquanto estiver no consultório você é apenas um terapeuta. Aprenda a se comportar como tal!”. Do outro lado seu coração que gritava: “tal qual um turbilhão é o amor, não há garras que o possam conter”. De um lado a norma. Do outro a poesia. Temos aí um sujeito tripartido. Ele é homem, imoral (já que tem forte tendência a romper com a moralidade vigente) e terapeuta.


Alguns amigos da paciente, que aprenderam direitinho as normas criadas pelos homens-encarregados-de-criar-as-normas, lhe dizem: “será que você não está confundindo o profissional-do-consultório com o homem-do-consultório?”. A mulher-policial-paciente fica muito confusa e já não sabe muito bem o que sente e tampouco quem é. Como se não bastassem seus problemas de ordem sexual. Temos aí uma cidadã tripartida. Ela é mulher, moralista (já que tem forte tendência a não romper com a moralidade vigente) e paciente.


Já desde Aristóteles o homem adquiriu a mania de compartimentar as coisas. Os seres vivos, por exemplo, foram divididos em mamíferos, anfíbios, répteis, etc. Até as folhas das árvores os homens tiveram o cuidado de catalogar: crenadas, cordiformes, sinuadas, e outros tantos nomes complicados. Com Descartes o problema se acentuou. De um lado a mente e do outro o corpo. A queda do paradigma mecanicista newtoniano fez com que as coisas começassem a mudar. Percebemos que o universo não é como uma máquina. Não podemos simplesmente desmontá-lo e catalogar suas peças. Essa é uma tarefa impossível. O prêmio Nobel da Física e um dos fundadores da mecânica quântica Werner Karl Heisenberg assim se expressou em relação a essa nova concepção do universo: “O mundo apresenta-se, pois, como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes espécies se alternam, se sobrepõem ou se combinam, e desse modo determinam a contextura do todo[1].


Muitas vezes pensamos que existe uma moralidade absoluta, como se houvesse em algum lugar, num cofre distante, um modelo ideal de moralidade. Esse modelo ficaria lá trancado e sempre que precisássemos de uma certeza, o abriríamos e todas as respostas nos seriam dadas. Mas na verdade a história nos mostra que esse padrão normativo é criado pelos homens-encarregados-de-criar-as-normas. É um ofício importante, afinal o que seria de nós sem as regras? Até para construir este texto preciso de regras: regras ortográficas, de sintaxe, de concordância, etc. Não fazendo uso delas eu certamente não me faria compreender. Na sociedade elas funcionam como um freio. Na sua ausência correríamos o risco de produzir um mundo caótico. Mas será que essas normas devem ser seguidas de forma cega e irreflexiva? Na verdade, fazendo isso tornamos as coisas mais fáceis, pois lançamos sobre as regas o jugo de uma responsabilidade que é nossa. Assim fica mais fácil conviver com os resultados das nossas decisões. Por outro lado, a reflexão demanda responsabilidade. Romper com a norma padrão tem um preço e são poucos os que têm coragem de arcar com as conseqüências.


Voltemos ao caso do homem-bandido-terapeuta e da mulher-policial-paciente. A mulher tripartida quer carinho, quer ordem e quer cura para os seus problemas emocionais. O terapeuta tripartido quer uma mulher, uma aventura bandida e uma paciente curada. Todas essas divisões tornam o problema muito complexo. Como analisá-lo sob a ótica de uma regra cega, incapaz de lidar com sistemas complexos?


No final do episódio vemos que a mulher pesou na balança seus valores e entendeu que a ordem estabelecida era mais importante. Ela armou uma cilada e denunciou o terapeuta logo após ter sido assediada por ele. Os dois foram presos. Ele pelos moralistas. Ela, por sua própria moralidade.


*Esse texto é uma análise do episódio “Roma Isenta” do seriado “Picket Fences” transmitido pela CBS americana na década de 90. A construção do texto teve como finalidade cumprir as exigências da disciplina “Ética Cristã” do Seminário Teológico Batista Carioca.

Nota:

[1] Garber (1978) in CAPRA, Fritjof. Ponto de Mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente, 1982, p. 75.

A TEORIA DA EVOLUÇÃO E O GÊNESIS

Por Jones Mendonça

1. Introdução
Toda criança quando atinge certa idade pergunta aos pais o porquê dos chineses do outro lado do mundo não caírem por estarem “de cabeça para baixo”. Os pais mais pacientes e preocupados com a educação dos filhos não hesitam em explicar que quanto maior a massa de um corpo, maior seu poder de atração gravitacIonal. Seres humanos têm uma massa infinitamente menor que a terra, por isso são atraídos por ela. Os nove planetas do nosso sistema solar, por exemplo, são atraídos pelo sol. A gravidade que o sol exerce sobre eles é o que mantém nosso sistema estável. A gravidade explica o porquê dos chineses não “caírem” já que estão do outro lado da terra. A idéia de um “lado de cima” e de um “lado de baixo” acaba sendo mera força de expressão.

Crianças muito curiosas geralmente não ficam satisfeitas com essa resposta e começam a nos bombardear com novas perguntas: Por que a gravidade existe? De onde vieram os planetas? É Deus o criador de tudo? Quem criou Deus? Crianças, pequenos metafísicos...

A ciência investiga o universo com as lentes da razão, e não podia deixar de ser diferente. Os avanços das pesquisas científicas são notáveis, muitas vezes nos causando assombro, como, por exemplo, quando a humanidade viu pela TV a chegada do homem à lua. Mas o campo de investigação da ciência tem limites, já que ela trabalha com elementos palpáveis, mensuráveis e que podem ser analisados empiricamente. A antiga pergunta: “O que ou quem deu origem ao universo?” permanece aberta ao debate. Quando Sue Lawley, numa entrevista à BBC de Londres, perguntou ao físico teórico Stephen Hawking se havia descartado Deus como sendo um dos responsáveis possíveis pela criação do universo, respondeu:

Tudo o que meu trabalho mostra é que não precisamos dizer que o modo como o universo começou foi um capricho de pessoal de Deus. Mas continuamos diante da questão: por que o universo se deu ao trabalho de existir? Se você preferir, pode definir Deus como sendo a resposta para essa questão[1].

Gosto da honestidade de Hawking. Ele parece conhecer muito bem os limites da ciência.

2. O eterno embate entre ciência e religião
A relação entre religião e ciência sempre caminhou de maneira conflituosa. Ora se abraçavam (como na escolástica), ora se agrediam (como no iluminismo). Hoje a coisa não está muito diferente. Brigas entre criacionistas e evolucionistas, por exemplo, são muitas vezes destacadas na mídia. Criacionistas mais radicais afirmam categoricamente que a terra não tem mais que seis mil anos, que houve um dilúvio universal, que Eva foi literalmente feita da costela de Adão, etc. Evolucionistas mais radicas, como Richard Dawkins, buscam provar que “Deus é um delírio[2] dos religiosos. A evolução, para ele, pressupõe a negação de Deus. Vemos aí que o extremismo possui dois lados.

Mas será que existe antagonismo entre evolução e criação? Sabemos hoje que todos os elementos químicos possuem uma origem comum. No início só havia o hidrogênio, o elemento mais abundante no universo. A partir dele todos aqueles elementos que na adolescência nossos professores insistiam que tínhamos que decorar foram surgindo. Isso aconteceu porque o colapso gravitacional que ocorreu quando o universo era ainda um bebê provocou a fusão do hidrogênio. Esse processo de formação de elementos químicos ocorreu nas estrelas e chama-se nucleossíntese. A nucleossíntese é, portanto, “a evolução no tempo e no espaço da composição química do cosmo”[3]. Poderíamos dizer então que somos todos feitos de poeira cósmica.

3. Filhos das estrelas ou filhos de Deus?
Infelizmente no protestantismo o dualismo se enraizou de tal forma que muitos cristãos só conseguem ver o mundo em duas cores: preto ou branco. Para estes, o cinza simplesmente não existe. Será que não dá pra estabelecer um diálogo entre a teoria da evolução e a concepção cristã de um Deus que cria o universo? Quando falo em diálogo não estou propondo uma explicação da criação a partir da teoria da evolução, mas simplesmente estar aberto ao que a ciência tem a dizer a respeito das novas descobertas científicas. A teoria da evolução afirma, por exemplo, que homens e animais possuem origem comum (e não que o homem veio do macaco). Isso tem sido refutado por muitos cristãos, mas será que a própria Bíblia não afirma isso? Vejamos:

“E disse Deus: Produza a terra seres viventes (nefesh hayah = alma ou ser vivente) segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi” (Gn 1,24).

“E formou o Senhor Deus o homem do da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente (nefesh hayah = alma ou ser vivente)” (Gn 2,7).

Ainda que João Ferreira de Almeida evite traduzir nefesh hayah por alma vivente ou ser vivente em ambos os textos, as palavras hebraicas são as mesmas. Como se vê, tanto o homem como os animais possuem uma origem comum: a terra e ambos foram animados (do latim ânima, que possui alma ou ânimo) por Deus. Homens, animais e plantas, todos filhos da terra; todos feitos de poeira cósmica; todos filhos do hidrogênio. Mas e o hidrogênio, quem o fez? Voltamos à pergunta inicial.

4. Conclusão
A cosmogonia (narrativa a respeito da origem do cosmos) e a antropogonia (narrativa a respeito da origem do homem) do livro de Gênesis não é um tratado científico, mas um relato que contém ensinamentos teológicos a respeito de Deus e sua relação com o mundo criado. A história é belíssima se lida como poesia, mas torna-se descabida caso se busque nela elementos históricos e/ou científicos. O fato de a considerarmos poesia não quer dizer que não deva ser levada a sério ou que seja mera invenção humana, mas simplesmente que a linguagem nela empregada não é a mesma que utilizamos no mundo moderno.

À ciência cabe responder que transformações ocorreram na terra para que produzisse seres vivos. À metafísica e a religião cabem responder porque o universo existe e que sentido isso possui para nós. Acho importante que cada um saiba respeitar os limites do outro.


Bibliografia:
HAWKING, Stephen. Buracos negros, universos bebês e outros ensaios. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

Notas:
[1] HAWKING, Stephen. Buracos negros, universos bebês e outros ensaios, 1995, p. 135.
[2] Dawkins é autor de um livro intitulado “Deus, um delírio”, publicado no Brasil pela Companhia das Letras. No livro o autor procura demonstrar a que a crença em Deus é pura tolice.
[3] MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, 1987, p. 574.

Crédito da imagem:

MASPERO, G. History of Egypt, Chaldea, Syria, Babylonia, and Assyria – vol III, (part A). Edited by A. H. Sayce. London the Grolier Society Publishers.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O QUE ERA A TONSURA?

Quem explica é o Frei Dagoberto Romag:


Desde o século IV, tornou-se costume entre o clero cortar os cabelos. No século V, a tonsura foi introduzida como sinal distintivo. No oriente usava-se a tonsura Pauli [todo o cabelo era cortado], no ocidente a tonsura Petri [só o topo da cabeça era raspado]. Esta chamava-se também ‘corona Christi’ [coroa de Cristo]. Na igreja iro-escocesa foi introduzida uma terceira forma, ‘tonsura S. Joannis ou ‘tonsura S. Jacobi [apenas um crescente de cabelo da fronte da cabeça era cortado]. Desde o século XVI, a tonsura dos clérigos seculares foi reduzida a um pequeno círculo”[1].


Nota:

[1] ROMAG, Dagoberto. Compêndio da História da Igreja - v.1. Rio de Janeiro: Vozes, 1949, p. 275.

Imagem: tonsura romana

terça-feira, 25 de agosto de 2009

BEM AVENTURADOS OS... OPRESSORES?

A fé e o dinheiro, o sagrado e o profano, têm há séculos convivência explosiva em todas as religiões em todas as partes do mundo. É uma lástima que os estilhaços atinjam sempre com mais força destrutiva justamente os despossuídos, os doentes e os desesperados que atravessam as portas dos templos em busca de abrigo, cura e consolo”.
Revista Veja, edição de 19 de agosto de 2009, p. 13. (sobre o novo escândalo envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus).

O CRISTIANISMO PRIMITIVO

Por Jones Mendonça


1. Introdução

Caso leiamos todo o evangelho de Lucas e o livro de Atos (que é continuação do primeiro – compare Lc 1,3 com At 1,1), teremos visto de maneira resumida o relato do nascimento do cristianismo. Essa história se inicia com o anúncio do nascimento de Jesus (Lc 1:26), e termina com a chegada de Paulo em Roma como prisioneiro e missionário (At 28,16; 28,31). Mas o que aconteceu depois disso? Algumas tradições antigas afirmam que Paulo teria sido martirizado por decapitação pelo imperador Nero, entre 60-63 d.C (Tert., De praesc. Haer. 36,3). Pedro teria sido vítima de uma morte mais trágica: a crucificação invertida (Eus., HE 3,1).


Apesar da morte de Paulo e de Pedro, o cristianismo, que inicialmente era considerado pelos romanos como uma seita judaica, continuou sendo pregado pelo mundo da época, mesmo diante das mais cruéis perseguições. São famosas as investidas do imperador Nero e Domiciano dirigidas aos cristãos. Há relatos de que Nero tenha crucificado e queimado vários cristãos, alguns deles sendo usados como tochas humanas para iluminar as estradas romanas e outros lançados aos cães, servindo com espetáculo público. Tácito nos conta (An. 15,44) que, no reinado de Nero, morreu grande multidão de cristãos. Essa perseguição aos cristãos durou cerca de 250 anos. Mas elas tiveram um resultado inverso do esperado, pois contribuiu para que o cristianismo se difundisse com maior intensidade. Como disse Tertuliano, escritor cristão do século II d.C.: “o sangue dos mártires é a semente da igreja” (Apol 50).


2. O Novo Testamento: a tradição dos apóstolos é documentada por escrito.

Ao contrário do que muita gente pensa, os relatos da vida de Jesus não foram sendo escritos enquanto ele vivia. Quando lemos, por exemplo, o prefácio do terceiro evangelho, percebemos que Lucas tinha a intenção de relatar algo que já havia sido pregado pelos apóstolos em suas viagens missionárias, mas que só agora começava a ser registrado por escrito:

a mim também pareceu conveniente, após acurada investigação de tudo desde o princípio, escrever-te de modo ordenado, ilustre Teófilo, para que verifiques a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1.3-4).

Apesar de não sabermos quem era Teófilo, percebemos pelo tratamento que recebeu de Lucas (ilustre), tratar-se de alguma pessoa importante da sociedade da época. Teófilo havia se convertido ao cristianismo por meio da pregação dos primeiros cristãos e queria saber os detalhes da vida e obra daquele em quem depositara sua fé.


Note que os primeiros evangelhos foram escritos cerca de 30 anos depois da ascensão de Jesus. Após terem recebido do mestre a missão de evangelizar as nações, os apóstolos começaram a pregar as boas novas de Cristo transmitindo-as baseados naquilo que viram e ouviram (essa era a famosa “tradição dos apóstolos”). Nasciam assim os Evangelhos, relatos da vida de Jesus feitos por seus discípulos.


As cartas de Paulo dirigidas às comunidades de Corinto, Tessalônica, Éfeso, Filipos, Roma, Colossos e da Galácia foram sendo escritas à medida que ele viajava pelas diferentes regiões do Império Romano. Essas cartas (também chamadas de epístolas) foram sendo redigidas numa época em o evangelho era pregado por testemunhas vivas do ministério de Jesus. Além de Paulo, o apóstolo “nascido fora do tempo” (1 Co 15,8), temos também epístolas redigidas por Tiago, Judas, Pedro e João. Isso sem falar na epístola aos Hebreus, cujo autor nos é desconhecido e no polêmico livro do Apocalipse, atribuído a João.


3. Qual o conteúdo central do Novo Testamento?

A palavra evangelho significa boa nova, anúncio de salvação. O evangelista Marcos, por exemplo, dá a sua obra o título de “Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1.1). Nesse mesmo sentido João conclui o seu evangelho: “Estas coisas foram escritas para que creiais que Jesus é o Cristo, filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20.31). A pregação dos apóstolos segue na mesma linha, não só afirmando a messianidade de Jesus, mas também a sua ressurreição: “Deus ressuscitou a este Jesus do que todos nós somos testemunhas” (At 2.32). A esperança de seu retorno era o que dava força a igreja para perseverar na doutrina dos apóstolos, mesmo que o preço dessa fidelidade tivesse que ser pago com a própria vida. Difundir a nova e revolucionária mensagem do cristianismo num mundo pagão seria uma tarefa espinhosa. Se os judeus consideravam o sacrifício vicário (vicário = substitutivo) de Jesus um “escândalo”, os pagãos a consideravam “loucura” (1 Co 1,23). Mas esse é um assunto que será abordado na próxima lição.


Figura:

LA HIRE, Laurent de

Jesus aparecendo às Três Marias
1650
Óleo sobre tela, 398 x 251 cm
Museu do Louvre, Paris

Ir para a lição II

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

Começarei a publicar a partir de hoje a história do cristianismo, desde a primeiro século até os nossos dias. Consultei livros católicos e protestantes a fim buscar certa imparcialidade. Empreguei uma linguagem simples e objetiva, sempre evitando citações longas visando tornar o texto mais dinâmico.

A primeira lição está logo acima.

Dúvidas, críticas e sugestões serão bem-vindas!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

QUAL A DIFERENÇA ENTRE ZELOTAS E SICÁRIOS?

Por Jones Mendonça

Na Palestina do século primeiro dois grupos de resistência à opressão romana se destacavam: zelotas e sicários. Esses dois grupos entendiam que a libertação do povo só viria mediante a luta armada. Os sicários eram conhecidos por ocultarem punhais por debaixo da roupa. O termo "sicário" vem do latim sica (punhal). Os zelotas  (fervorosos), apesar de menos radicais que os sicários, também faziam uso das armas. Simão, por exemplo, era um zelota:
Lc 6,15 "Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote";
At 1,13 "E, entrando, subiram ao cenáculo, onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de Tiago".
Há quem suponha que Judas e Pedro também fossem zelotas [1] . Não é de estranhar que Pedro estivesse portando uma espada (e fizesse uso dela!) por ocasião da prisão de Jesus. A luta dos zelotas e sicários tinha motivação política e religiosa. Eles queriam ter plena liberdade de culto, sem as constantes intromissões romanas, que elegia e depunha sacerdotes a seu bel prazer. Eles também queriam que Israel fosse independente economicamente, como na época do rei Davi e da revolta dos macabeus (167 a.C.). Para se ter uma idéia de como a taxação era pesada, veja este decreto de César, em 47 a.C.:
“Em Sidom, eles [os judeus] deviam pagar o tributo (fóros) no segundo ano [do período do arrendamento], um quarto da semeadura, tendo que, além disso, pagar o dízimo a Hircano e a seus filhos, como foi pago por seus antepassados” [2].
Pois bem, como se não bastasse, ainda tinham que pagar um imposto para Jerusalém. Logo surgiram líderes carismáticos arrebanhando pessoas para uma revolta. Flávio Josefo , um historiador judeu que viveu no século primeiro, nos relata o caso de um egípcio:
“Um golpe [...] foi aplicado aos judeus pelo falso profeta egípcio. Um charlatão, que havia ganho a reputação de profeta, apareceu no país, arregimentou uma comitiva de cerca de trinta mil ingênuos, e levou-os através de um circuito do deserto ao monte das Oliveiras”[3].
Paulo, quando foi preso em Jerusalém foi confundido com um sicário:
"Não és porventura o egípcio que há poucos dias fez uma sedição e levou ao deserto os quatro mil sicários?" (At 21,38).
Segundo Hans Kippenberg, a revolta dos judeus contra o domínio romano tinha três metas:

Ø  Suspensão do pagamento dos tributos;
Ø  Suspensão dos sacrifícios pelo povo romano e seu César, e
Ø  Ereção da soberania política.

Kippenberg, apoiando-se em Baumbach e em documentos judaicos, diz que o termo sicários “foi a denominação dada ao movimento revolucionário rural da judéia” e os zelotas como sendo “um movimento sacerdotal” [4].

Sacerdotes e camponeses unidos pela mesma causa? Bem, os sacerdotes tinham lá suas razões para se "sujar" com o braço armado dos "impuros" camponeses galileus...

Notas:
[1] DREHER, Martin N. A igreja Latino-americana no contexto mundial, 1999, p.20.
[2] AJ XIV 203, in KIPPENBERG, Hans. Religião e formação de classes na antiga Judéia, 1988, p. 104.
[3] A Guerra dos Judeus 2.261-62, in CROSSAN, John Dominic. Quem matou Jesus, 1995, p.63.
[4] KIPPENBERG, Hans. Religião e formação de classes na antiga Judéia, 1988, p. 121.


Imagem:
DÜRER, Albrecht
St Simão
1523
Gravura, 118 x 75 mm
Metropolitan Museum of Art, New York

PORQUE OS JUDEUS TEMIAM TANTO OS ASSÍRIOS?

Após a morte de Salomão o reino de Israel se partiu entre Roboão e Jeroboão. O primeiro governando Judá, ao sul e o segundo governando Israel, ao norte. Após um relativo período de paz, surgia no oriente uma nação poderosa, a Assíria, fazendo estremecer nações como o Egito e a Síria. Este povo tinha um exército poderoso. Seus soldados eram temidos pelas armas de guerra e pela crueldade (veja as figuras abaixo). No século VIII Acaz se recusou a participar de uma coalizão contra esse império que se fortalecia e acabou poupando Judá de uma devastação (mas isso não evitou que se tornasse vassalo do império assírio). O mesmo não se pode dizer da nação de Israel. Teglatfalasar III (745-727 a.C.), um soberano excessivamente enérgico e capaz invadiu Israel (reino do Norte) e se gabou da sua vitória:

"Bet-Omri [casa de Israel], cujas cidades eu havia tornado território da minha terra, só tendo deixado a cidade de Samaria [...] A terra de Bet Omri, o total de seus habitantes e seus bens conduzi para a Assíria"[1].

Teglatfalasar não fazia expedições apenas para extorquir tributos, mas para realizar uma conquista permanente. Para punir rebeliões, ele habitualmente deportava os culpados e incorporava suas terras às províncias do império. Samaria havia sido poupada na campanha de Teglatfalasar, mas isso seria uma questão de tempo. Seu sucessor, Sargão II (721-705 a.C.), continuou a batalha:

"No meu primeiro reinado, sitiei e conquistei Samaria [...] levei comigo 27.200 pessoas que aí viviam"[2].

Leiamos alguns textos bíblicos onde o terror causado pelos assírios se torna evidente:

2Rs 19:11 Eis que já tens ouvido o que os reis da Assíria fizeram a todas as terras, destruindo-as totalmente; e tu serias poupado?


Is 20:6 Então os moradores desta região litorânea dirão naquele dia: Vede que tal é a nossa esperança, aquilo que buscamos por socorro, para nos livrarmos do rei da Assíria! Como pois escaparemos nós?


Is 37:11 Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assíria a todas as terras, destruindo-as totalmente; e serás tu livrado?


Quando observamos algumas figuras da época, percebemos claramente o porquê desse medo:












































































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Fonte das imagens:
RAWLINSON, George. The Seven Great Monarchies Of The Ancient Asian World, Vol II: Assiria. Edited by David Widger. Project Gutenberg Editions.

Fig 1 - Guerreiros assírios com escudos e flechas;

Fig 2 - Guerreiro assírio destruindo uma muralha;

Fig 3 - Guerreiro assírio decapitando um prisioneiro;

Fig 4 - Guerreiro assírio boiando em pele de animal inflada;

Fig 5 e 6 - Carros de combate assírios.

Notas:

[1] e [2] KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão, 1958, p. 212, 213.


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A ORIGEM DOS SAMARITANOS

Você sabia?

Que a origem dos samaritanos remonta à época em que o Reino de Israel foi conquistado pelos assírios (722 a.C)? Estes, quando invadiram o país transformando-o em colônia, instalaram estrangeiros de muitas outras regiões. Com o tempo, eles foram se misturando com os israelitas que lá permaneceram, formando uma raça considerada impura pelos judeus.

Os samaritanos, porém, sempre observaram escrupulosamente as prescrições da Lei ou Pentateuco. Não aceitavam os outros escritos do Antigo Testamento e não freqüentavam o Templo de Jerusalém. O único lugar de culto deles era o monte Garizim (ou Gerizim), que ficava no Norte. Acreditavam na vinda do Messias, que chamavam de Taeb (= Aquele que volta). Esse messias, porém, não seria descendente de Davi, como pensavam os judeus, mas sim um novo Moisés.

Dois textos dos Evangelhos falam especificamente dos samaritanos: o capítulo 4 do Evangelho de São João e a parábola do Bom Samaritano, que está em Lucas (10:25­-37). Ainda hoje existe um grupo de samaritanos, que conserva seus costumes e crenças.

Joachim Jeremias nos diz que R. Eliezer (90 d.C) proibia comer um animal morto por um samaritano, porque a intenção do samaritado [durante o sangramento] está geralmente voltado para o culto dos ídolos. Ele diz ainda que algumas décadas antes da destruição do templo (em 70 d.C) foi posta em vigor uma determinação que considerava os samaritaos impuros desde o berço.

Fontes:

AA.VV., Bíblia. Os Caminhos de Deus II, Coleção Grandes Impérios e Civilizações. Madrid: Edições del Prado, 1996.

JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1983.

BÍBLIA DE JERUSALÉM: nova edição, revista e ampliada. São Paulo. Paulus, 2003.

Imagem:

CORNELIS VAN HAARLEM

O Bom Samaritano

1627

Óleo sobre tela, 32 x 23 cm

Coleção privada

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O PROBLEMA DAS IDADES DO GÊNESIS

Você Sabia?

Que os mesopotâmicos registraram idades tão surpreendentes quanto as registradas no livro de Gênesis? Veja no quadro abaixo o tempo de reinado de 10 reis mencionados no prisma dinástico de Weld, escrito em 2.170 a.C.:

Alulim - 28.000 anos;

Alamar – 36.000;

Emenluana – 43.000;

Kichuna – 43.000;

Enmengalana – 28.000;

Dumizi – 36.000;

Sibziana – 28.000;

Emendurana – 21.000;

Uburratum – 18.000;

Zinsudu – 64.000.

duas maneiras de interpretar o registro dessas idades tão avançadas. Teólogos mais conservadores afirmarão ser essa uma prova de que o registro bíblico de idades centenárias como a de Matusalém (969 anos) deve ser considerada como literal. Henry Halley, por exemplo, indaga o seguinte:

"De onde vieram essas tradições, se não do fato de os
primeiros homens realmente viverem muito?
"[1].

Outros estudiosos afirmarão justamente o contrário. Idades tão avanças seriam uma maneira que acentuar a importância de homens que se destacaram na antiguidade. O prisma dinástico de Weld seria uma prova de que o exagero das idades era uma prática comum na época, já que é impossível conceber uma pessoa vivendo 64.000 anos!


Espero que você mesmo possa decidir entre essas duas opiniões!

Nota:

[1] HALLEY, Henry H. Manual Bíblico: um comentário abreviado da Bíblia, 1963, p.71.

Figura:

Prisma Dinástico de Weld

Escavado por Weld-Blundell Expedition, 1922.

Museu Ashmoleano de Oxford.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

DANIEL:PROFECIA OU PSEUDONÍMIA?

Por Jones Mendonça


O livro de Daniel contém passagens que se tornaram clássicas na tradição cristã. A história de Daniel sendo lançado na cova dos leões, por exemplo, é contada às crianças já bem cedo, vindo a se tornar uma das suas preferidas ao lado da batalha entre Davi e Golias e a história de Sansão. Mas se há trechos que agradam os pequeninos, há também os que os assustam, como no episódio em que uma misteriosa mão aparece escrevendo na parede do palácio real (5.5), ou ainda a descrição dos quatro grandes e estranhos animais que numa visão do profeta subiam do mar: um leão alado, um urso ávido por carne humana, um leopardo de quatro cabeças e outro não identificado, com dentes de ferro e chifres (Dn 7.3,7).


Por seu conteúdo tão curioso e enigmático, foram dadas inúmeras interpretações para o livro. Para uns, predição do futuro, para outros, releitura da história sob o ponto de vista teológico. Dessas duas idéias básicas surgem ainda inúmeras ramificações. Na rede mundial de computadores, por exemplo, podem ser lidas interpretações bastante curiosas.


Além da dificuldade da interpretação está a da datação. Estudiosos mais conservadores (p. ex. Harley, Schultz, Geisler e Howe) localizam sua redação na época do império babilônio, enquanto reinava Nabucodonosor (séc VI a.C). Esse modo de interpretá-lo foi contestado na Antiguidade só por Porfírio, impugnado por são Jerônimo em nome de uma tradição ininterrupta, na qual Flávio Josefo ocupa um lugar de destaque. Com o surgimento da crítica moderna, essa afirmação, até então considerada um fato, teve as suas bases abaladas, dando início a discussões acaloradas entre os dois lados.


Críticos modernos, após análise minuciosa, notaram várias incorreções históricas no livro, passando a considerá-lo uma história fictícia, que tinha como intenção consolar o povo diante da perseguição. Gunneweg, por exemplo, entende que

aquilo que de fato é descrição do passado e do presente visa causar a impressão de ser profecia antiqüíssima acerca do futuro. [...] Está claro que o autor do livro [de Daniel] não viveu na época babilônica e medo-persa, e tampouco foi um personagem lendário da proto-história (o que sugerem Ez 14.14-20;28.3), mas que escreveu entre a perseguição dos judeus por Antíoco IV (168 a.C.) e sua morte (164
a.C.)
[1].

Harley, reagindo contra essa posição, argumenta que essa teoria resultou do orgulho intelectual de alguns eruditos, que

revivem a teoria de Porfírio e dão como fato consumado que o livro foi escrito por autor desconhecido, o qual, vivendo 400 anos depois de Daniel, assumiu o nome deste e impingiu à sua geração seu livro espúrio como obra autêntica de um herói morto já fazia muito tempo[2].

Na mesma linha seguem Geisler e Howe, dizendo que a teoria de que o livro foi escrito no século II seria mera tentativa de “evitar a conclusão de que a profecia de Daniel foi decorrente de uma revelação sobrenatural dada por Deus[3].


Na verdade, a visão conservadora se choca com dificuldades insuperáveis, porque se apóia numa noção falsa da historicidade da Bíblia e da profecia. 1) O livro se abre mencionando um cerco de Jerusalém e uma deportação numa data (606) na qual o livro dos Reis só fala de expedições de bandos armados (2Rs 24, 1s). 2) A lista dos impérios e dos reinos apresentada não corresponde à realidade histórica conhecida por outras fontes: Baltazar era filho de Nabônides, e não de Nabucodonosor; ele foi associado ao trono e regente, mas não rei de Babilônia; quanto a Dario, o Medo, é persona­gem de ficção. 3) Sendo Daniel adolescente em 606, como estaria ainda em plena atividade no ano 3 de Ciro (537/536)? 4) A última visão delimita com precisão a história das guerras entre os Lágidas do Egito e os Selêucidas da Síria, depois da divisão do império de Alexandre, até uma data muito precisa, sob Antíoco IV Epífanes, em 164 (Dn 11, 3-39): não é esse o gênero literário das profecias bíblicas. Nesse ponto, parece que Porfírio tinha razão contra são Jerônimo muito apegado, por motivos apologéticos, à idéia de profecia-predição. Todas as leituras do livro até o séc. XIX giraram nesse círculo vicioso, e certa leitura “fundamentalista” ainda continua assim. 5) Quanto às línguas nas quais o livro foi escrito, seus capítulos 2 - 7 são num aramaico “clássico” um pouco mais evoluído do que o dos documentos reproduzidos no livro de Esdras e o dos numerosos papiros de Elefan­tina, um aramaico próximo do de Henoc. Quanto aos capítu­los escritos em hebraico, denotam uma língua muito influenciada pelo aramaico, o que seria improvável no séc. VI.


Por todas essas razões, a crítica bíblica, do século XIX em diante, vê no livro um escrito pseudepígrafo de um ou mais autores posteriores, marcando o fim do capítulo 11, com clareza, o horizonte histórico do último compilador do conjunto, no momento em que ele deixa as alusões históricas precisas para lembrar em termos convencionais a queda de Antioco Epífanes (passagem de 11, 39 a 11,40 - 12, 3). Como a história dessa época é bem conhecida pelos livros dos Macabeus, pode-se atribuir a esse último texto uma data bem precisa: durante o verão ou no outono de 164. Mas isso deixa abertas as questões referentes à origem dos diversos capítulos aramaicos e às tradições usadas no livro.



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Notas:

[1] GUNNEWEG, Antonius H. J. Teologia Bíblica do Antigo testamento: uma história da religião de Israel na perspectiva bíblico-teológica, 2005, p.338, 339.

[2] HALLEY, Henry H. Manual Bíblico – Um comentário abreviado da Bíblia, 1963, p. 305.

[3] GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia, 1999, p. 299.

Figura:

MICHELANGELO Buonarroti
Daniel (detalhe)
1511
Afresco
Cappella Sistina, Vaticano