terça-feira, 31 de agosto de 2010

CUPIDO DE 2000 ANOS ENCONTRADO EM JERUSALÉM

O The Jerusalém Post e o Haaretz (31/08/10) noticiaram a descoberta de um cupido (Eros) feito em ônix azul em Jerusalém que data da época romana.

De acordo com Dr. Doron Ben Ami, membro do Israel Antiquities Authorities (IAA):
“Esta descoberta [...] contribuirá significativamente para nosso entendimento sobre a  natureza da Jerusalém no período romano.”
Para ler a matéria completa nos dois jornais israelenses, clique aqui e aqui.

Para ler mais sobre arqueologia aqui no Numinosum, clique aqui.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

AS BELÍSSIMAS ESCULTURAS DE PAPEL DE ANNA-WILI

Filha de um marionetista, a australiana Anna-Willi faz fantásticas esculturas com papel reciclado.  Acima uma águia do mar de barriga branca (70cm x 140cm x 60cm). 

Quer ver mais? Clique aqui.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

OS ISRAELITAS BEBIAM CERVEJA (SHEKHAR)?

A BAR (Biblical Archaeology Review) set/out 2010 publicou um artigo que tem um título bastante provocativo: “Será que os antigos israelitas bebiam cerveja?”. A discussão gira em torno da palavra hebraica shekhar (cf. p. ex. Nm 28,7-10; Pv 31,6) geralmente traduzida por bebida forte (João Ferreira de Almeida) ou bebida fermentada (NVI). De acordo com o autor do texto, Michael M. Homan, uma tradução mais fiel  seria “cerveja”. Segundo ele “esta é a melhor tradução, com base em fontes arqueológicas e linguísticas”.

O artigo completo pode ser lido aqui.

Pretendo ler o artigo com calma e postar minha opinião aqui no Numinosum

Imagem:
Cerveja sendo consumida no Egito

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

BÍBLIA ALMEIDA SÉCULO XXI (TRECHOS E ANÁLISE CRÍTICA)

A editora Vida Nova disponibilizou em seu site trechos da versão bíblica Almeida Século XXI. Os textos (partes de Mc, Gl, Ef, Fp, Cl, Hb, Tg, Fl)  estão em PDF e podem ser lidos aqui.

Um resenha crítica dessa nova versão, escrita pelo Mestre em ciências bíblicas, Ney Brasil Pereira,  pode ser lida aqui. Os principais pontos negativos da Almeida Século XXI observados por Ney Brasil são o excessivo conservadorismo teológico presente nas introduções dos livros e no uso não inclusivo da palavra “homem” para se referir à totalidade da espécie humana (homem e mulher). 

INCULTURAÇÃO DA FÉ E SINCRETISMO RELIGIOSO


A REB (Revista Eclesiástica Brasileira) publicou um artigo sobre sincretismo religioso e inculturação que vale a pena ser lido principalmente por aqueles que se acostumaram a interpretar o termo “sincretismo” de forma pejorativa.  O artigo foi publicado na REB/60, Nr 238, de junho de 2000 e está dividido em quatro partes:

  1. Sincretismo: um termo complexo
  2. Sincretismo ou inculturação
  3. Fé cristã e sincretismo religioso
  4. Conseqüências para a pastoral
Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

E-SWORD EM PORTUGUÊS: DOWLOAD E DICAS

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Jones F. Mendonça

70% DOS AMERICANOS ACHAM QUE CONSTRUÇÃO DE MESQUITA EM NOVA YORK SERIA UM INSULTO ÀS VÍTIMAS DO 11/SET

Por Jones Mendonça

Uma pesquisa da Research Institute Siena constata que 63 por cento dos nova-iorquinos se opõem ao projeto de construção de uma mesquita próxima ao Marco Zero, em Nova York. Ainda segundo a mesma pesquisa apenas 27 por cento apóiam o projeto. A informação foi divulgada pelo The Jerusalém Post.

Na Semana Passada, o presidente Barack Obama saiu em defesa da liberdade religiosa assegurada pela Constituição Federal. A frase abaixo foi publicada no The Times da Índia:
“Os muçulmanos tem o mesmo o direito de praticar sua religião como qualquer outra pessoa neste país”, disse Obama. 
Greg Palast faz uma série de perguntas aos que alegam que a construção da mesquita é uma afronta aos familiares dos mortos pelos terroristas muçulmanos em 11 de setembro de 2000. Transcrevo abaixo duas delas. A tradução é do Numinosum:
Dado que a supremacia branca e cristã Tim McVeigh bombardeou o edifício federal de Oklahoma City, não devemos proibir igrejas brancas em Oklahoma?
Como milhares de  indígenas morreram em Nova Iorque quando a cidade foi invadida por colonos cristãos, não devemos proibir a construção de igrejas cristãs na região?
Você pode ler uma entrevista (em inglês) publicada pelo Haaretz com o desenvolvedor do projeto da mesquita clicando aqui.

Imagem: ABC News

É POSSÍVEL SE AFOGAR NO MAR MORTO, ALERTA RELATÓRIO

Devido ao excesso de sal do Mar Morto, que pode chegar a 33,7%, é muito fácil boiar em suas águas. Mas um relatório publicado na quarta-feira por Magen David Adom, prestador de serviços médicos de emergência, desmente  a convicção generalizada de que não é possível se afogar ao nadar no Mar Morto.

Transcrevo abaixo trecho de uma matéria publicada no Haaretz. A tradução é do Numinosum:
de acordo com dados do relatório, nadar no Mar Morto pode ser tão perigoso como em qualquer outro lugar no país. Dos 117 incidentes de quase afogamento que os para-médicos atenderam desde o início de 2010, 17 por cento foram no Mar Morto. Um homem se afogou neste ano em Ein Bokek, localizado na parte sul do Mar Morto.
A matéria alerta que os níveis extremamente elevados de sal, cálcio, magnésio e fósforo, podem causar inflamação pulmonar grave, como aconteceu há duas semanas com um homem de 58 anos.

A matéria completa pode ser lida aqui.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O QUE É A “SÍNDROME DE JERUSALÉM”?

Por Jones Mendonça

Cidades com forte apelo emocional, seja ele religioso ou cultural, tais como Roma, Florença, Paris e Jerusalém, tem a capacidade de deixar algumas pessoas totalmente fora de si. A revista Emunah (verdade em hebraico), publicou uma matéria tratando sobre os casos do distúrbio registrados em Jerusalém. Segue abaixo um pequeno trecho. A tradução é do Numinosum:
“Um psicólogo com sede em Jerusalém chamado Heinz Herman identificou pela primeira vez a doença em 1930, quando ainda era chamada La fièvre Jerusalemienne. Embora o distúrbio possa parecer inofensivo a outros turistas, numa área sensível como a cidade velha de Jerusalém ele pode ter conseqüências explosivas: Em 1969, o turista australiano Denis Michael Rohan decidiu que ele era “emissário do Senhor” com a missão de ajudar os judeus a reconstruir o Templo no Monte do Templo. Ele começou a incendiar a mesquita al-Aqsa e por pouco a cidade escapou de um banho de sangue.”
Numa entrevista à Emunah, Israel Katz, psicólogo da Kfar Shaul Medical Center, diz que “a maioria destas pessoas são pentecostais das regiões rurais dos EUA e da Escandinávia”. Ele acredita que a redução do número de casos da síndrome tem a ver com o declínio da religiosidade entre os turistas.

Leia a matéria completa clicando aqui.

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sábado, 14 de agosto de 2010

POR QUE O REI DE ISRAEL TINHA UM TRONO NA PORTA DA CIDADE?

2Sm 19,8  Pelo que o o rei se levantou, e se sentou à porta; e avisaram a todo o povo, dizendo: Eis que o rei está sentado à porta. Então todo o povo veio apresentar-se diante do rei. Ora, Israel havia fugido, cada um para a sua tenda.
1Rs 22,10  Ora, o rei de Israel e Jeosafá, rei de Judá, vestidos de seus trajes reais, estavam assentados cada um no seu trono, na praça à entrada da porta de Samária; e todos os profetas profetizavam diante deles.
Ao que parece os reis tinham tronos na entrada da cidade que eram utilizados para julgar as causas do povo. Veja as imagens abaixo. As fotos são de Ferrel Jenkins e a ilustração é de Balage Balogh


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O QUE FOI O GNOSTICISMO?

Por Jones Mendonça

Uma das heresias que mais causou controvérsias nos dois primeiros séculos do cristianismo foi, sem dúvida, o gnosticismo, um sistema religioso sincretista que reunia misticismo oriental, filosofia grega, judaísmo alexandrino e algumas idéias cristãs[1]. A palavra gnosticismo vem de gnosis e significa ciência ou conhecimento. As idéias mais presentes no gnosticismo são as seguintes:
Dualismo – crença no antagonismo entre matéria e espírito. A palavra vem de dokeo, parecer.
Crença no Demiurgo – distinção feita entre o criador do universo, o Demiurgo, e o Deus verdadeiro.
Docetismo – conceito que defende Jesus tinha apenas aparência humana, mas não possuía nenhum elemento verdadeiramente humano em sua composição física.  
A origem do gnosticismo é incerta. Alguns estudiosos acham que um dos primeiros veículos da gnose foi o platonismo[2] (séc. IV a.C.). Crenças presentes em religiões orientais, na mitologia egípcia e em seitas judaicas, tais como os essênios de Qumran, seriam outros ingredientes desse caldeirão de idéias religiosas. Os gnósticos acreditavam que por causa de uma desordem no Pleroma (mundo espiritual) as almas ficaram aprisionadas em corpos materiais. Libertar-se do corpo e retornar ao estado de pureza primitivo era a principal meta do gnóstico. Mas para que essa jornada de retorno tivesse êxito seria necessário vencer cada um dos arcontes, seres cósmicos que buscam impedir que as almas cheguem ao céu. Jesus teria sido enviado para revelar o conhecimento (gnosis) a um grupo seleto de pessoas, que seriam retransmitidos aos seus iniciados. Só tendo acesso a esse conhecimento seria possível vencer os arcontes.

As epístolas joaninas já parecem nos mostrar a influência que os ensinamentos gnósticos tinham sobre os primeiros cristãos (I Jo 4,2-3; II Jo 2,7). A insistência de João na encarnação de Jesus parece sugerir que ele estivesse combatendo idéias gnósticas, que consideravam a carne essencialmente má, e, portanto, impossível de ser habitada por uma divindade como pregava o cristianismo apostólico. No final do século I ainda não havia distinção nítida entre os gnósticos e a comunidade romana ortodoxa. A disputa pela autoridade do ensino da verdadeira doutrina de Cristo era algo que se intensificava a cada dia. Dentre as várias personalidades que lideraram movimentos gnósticos, podemos destacar quatro: Cerinto, Valentino, Basílides e Marcião.

Cerinto - Segundo Irineu, conhecido como bispo de Lyon, a primeira negação da divindade de Cristo foi feita por um judeu chamado Cerinto. Para ele Jesus não é Filho de Deus, mas foi habitado pelo Espírito de Deus a partir do seu batismo[3]. Irineu, citando Policarpo, diz que certa vez João fugiu apressado após ter avistado Cerinto enquanto se dirigia aos banhos públicos de Éfeso. Ao se retirar ele teria exclamado: “fujamos antes que as termas venham abaixo, porque Cerinto, o inimigo da verdade, está lá dentro”[4]. 

Valentino (140 d.C.) – Valentino (ou Valentin) rompeu com a igreja sob o episcopado de Aniceto (155-166 d.C.). Elaine Pagels sustenta que o autor do Evangelho de Filipe era seguidor de Valentino. Para Valentino quem governa o mundo é o demiurgo, um deus intermediário que legisla e julga aqueles que infringem sua lei. Valentino identificava o demiurgo com o “Deus de Israel”[5]. Pagels diz ainda que o gnosticismo valentiano foi a forma mais sofisticada de ensinamento gnóstico e a que mais ameaçava a igreja[6].

Basílides (120 d.C.) - Segundo Irineu, Basílides pregou a existência de um deus supremo que contém sementes de outras realidades. Dessas sementes Deus extraiu uma série de entidades celestes, que por sua vez deram origem ao primeiro Arconte, um ser de natureza inferior, mas que gera o universo supralunar. Uma série de emanações dá origem a outros seres que ocupam 365 céus. No último há o Demiurgo, deus dos judeus. Jesus seria o portador da gnose, capaz de libertar o homem do seu estado decaído.

Marcião (140 d.C.) - O que sabemos sobre os ensinos de Marcião vem de seus opositores, por isso é difícil saber se eles foram transmitidos com exatidão. Marcião contrapunha o Deus do Antigo testamento ao Deus de Jesus Cristo. O primeiro, juiz implacável, colérico e cruel. O segundo, pura bondade, misericórdia e amor. Ele também relacionou o Deus do Antigo Testamento com o Demiurgo dos gnósticos, ligado à matéria e negou qualquer realidade humana a Jesus Cristo.  Segundo Irineu, quando Marcião se deparou com Policarpo, bispo de Esmirna, e perguntou “Tu me conheces?”, Policarpo teria respondido: “Sim, conheço-te, primogênito de Satã”[7]. No ano de 144 d.C a igreja de Roma condenou oficialmente Marcião[8]. Os seus seguidores ficaram conhecidos como marcionitas.

Havia duas concepções morais que se opunham nas seitas gnósticas: a primeira era caracterizada por um libertinismo descarado, já que os defensores dessa doutrina achavam que eram portadores de um conhecimento que ninguém lhes podia tirar. Era esse conhecimento que proporcionava a salvação. Uma outra moral, totalmente contrária à primeira, defendia um ascetismo tão vigoroso que condenava até mesmo as relações sexuais, consideradas “protótipo de todas as ofensas morais”[9].

Para os gnósticos a salvação é alcançada pela compreensão dos enigmas do céu e da terra. Para eles essa compreensão é conseguida quando o ser humano, orientado pelo mestre, dirige sua atenção para dentro de si mesmo.

Até o século XVII, tudo o que sabíamos sobre o gnosticismo vinha de textos escritos por apologistas cristãos, defensores da doutrina considerada ortodoxa. Mas em 1769 o turista escocês James Bruce comprou um manuscrito copta perto de Tebas. O texto só foi publicado em 1892 e continha uma suposta conversa entre Jesus e seus discípulos. A partir daí uma série de manuscritos foram sendo descobertos e publicados. Em 1945 monges do mosteiro de São Pacômio descobriram a mais completa coleção de escritos gnósticos. Os textos pertenciam a uma antiga biblioteca, conhecida como Biblioteca de Nag Hammadi. Esses textos só foram publicados em 1978.

Dentre os principais evangelhos gnósticos estão o Evangelho de Tomé, o de Filipe, o dos egípcios, o da Verdade e o evangelho de Maria Madalena. Os gnósticos afirmavam que esses evangelhos tinham sido escritos pelos discípulos de Jesus, mas o cristianismo ortodoxo os considerava uma farsa. Irineu (130-202 d.C.) diz que os gnósticos criaram textos supostamente escritos pelos apóstolos:
“publicaram suas próprias composições, enquanto se vangloriavam de ter mais evangelhos do que havia na realidade (...) Eles, na verdade, não tem evangelhos que não esteja repleto de blasfêmias. O que publicaram (...) está totalmente diferente do que nos foi transmitido pelos apóstolos[10].”
O gnosticismo começou a declinar progressivamente a partir do século III[11]. Grande parte do que escreveram os primeiros apologistas (defensores do cristianismo) foi uma tentativa de combater os ensinamentos dos gnósticos.

Inácio de Antioquia escreveu sua “Carta aos Tralianos” defendendo o caráter realístico da humanidade de Jesus. Irineu de Lyon escreveu “Contra as heresias” um tríplice ataque ao gnosticismo e Tertuliano de Cartago defendeu a unidade dos dois testamentos no clássico “Contra Marcião”.

Referências bibliográficas:
BLOCH, R. Howard. Misoginia medieval e a invenção do amor romântico ocidental. Tradução de Claudia Moraes. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
CARBALLOSA, Evis. Colosenses: Orientacion para un estudio exegetico  y pratico. Michigan: Editorial Portavoz, 2000.
COMBY, Jean. Para ler a história da igreja, Volume I. São Paulo: Loyola, 1993.
COSTA, Paulo César. Salvatoris disciplina. Roma: University Press,2002,  p.30
DUQUOC, Ch.  Cristologia, ensaio dogmático I: O homem Jesus. São Paulo: Loyola, 1992.
DURANT, Will. A reforma: História da civilização européia de Wyclif a Calvino: 1300 – 1564. Rio de Janeiro: Record, 2002.
FERRATER-MORA, José. Dicionário de filosofia, volume 1. São Paulo: Loyola, 2000.
GONZALES, Justo. Historia de Cristianismo - Tomo 1. Miami. Unilit, 1994.
G. QUEVEDO, Oscar. Antes que os demônios voltem. São Paulo: Loyola, 2005.
JEFFERS, James S. Conflito em Roma: ordem social e hierarquia no cristianismo primitivo. São Paulo: Loyola, 1995.
MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da teologia reformada. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
PADOVESI, Luigi. Introdução à teologia patrística. São Paulo: Loyola, 1999.
PAGELS, Elaine. Além de toda a crença: o evangelho desconhecido de Tomé. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
PAGELS, Elaine. Os evangelhos gnósticos. Tradução de Marisa Motta. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.
VV. AA. Lexicon - dicionário teológico enciclopédico. São Paulo: Loyola, 2003.
SESBOÜÉ, Bernard; WOLINSKI, J. O Deus da salvação – Tomo I (séculos I - VIII). São Paulo: Loyola, 2002.
WELBORN, Amy. Decodificando Maria Madalena: as verdades, as lendas e as mentiras. São Paulo: Cultrix, 2006.

Notas:
[1] CARBALLOSA, Evis. Colosenses: Orientacion para un estudio exegetico y pratico. 2000, p.25.
[2] SESBOÜÉ, Bernard; WOLINSKI, J. O Deus da salvação – Tomo I (séculos I - VIII). 2002, p. 39.
[3] DUQUOC, Ch.  Cristologia, ensaio dogmático I: O homem Jesus. 1992, p. 253.
[4] PAGELS, Elaine. Além de toda a crença: o evangelho desconhecido de Tomé. 2004, p.89.
[5] PAGELS, Elaine. Os evangelhos gnósticos. 2006, p.40.
[6] Id. ibid., p.33.
[7] Id., Além de toda a crença, p. 90.
[8] COSTA, Paulo César. Salvatoris disciplina, 2002, p.30
[9] BLOCH, R. Howard. Misoginia medieval e a invenção do amor romântico ocidental. 1995, p.96.
[10] PAGELS, Elaine. Os evangelhos gnósticos, p.18.
[11] VV. AA. Lexicon - dicionário teológico enciclopédico. 2003, p. 325.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A REVISTA ÉPOCA E OS NOVOS EVANGÉLICOS

Por Jones Mendonça

Li hoje a matéria de capa da revista Época tratando sobre o que tem sido chamado de “nova reforma protestante”. A matéria expõe aquilo que já circula no submundo dos blogs apologéticos evangélicos há um bom tempo. Mas o termo “nova reforma protestante” é um exagero e tanto, já que nenhuma inovação teológica foi proposta por esses grupos. Fala-se muito em retorno ao cristianismo primitivo, mas isso já era feito desde os primeiros séculos do cristianismo, quando a igreja começou a se institucionalizar, principalmente após ter passado a ser a religião oficial do império romano, sob o governo de Teodósio I, em 380 d.C.[1].  Pregaram a mesma coisa Arnaldo de Brescia, Francisco de Assis, Bernardo de Claraval, São Domingos e Wesley. Mas com Lutero foi diferente. Ele não renovou a igreja, rompeu-a. A teologia da graça, o repúdio à autoridade papal e a ênfase nas Escrituras como única regra de fé foram inovações radicais que tornaram impossível a reconciliação entre protestantes e católicos. Falar em “nova reforma” é falar em novo rompimento e não é isso o que está acontecendo.

Lutero não questionou apenas a ética, mas os dogmas da Igreja. Ainda que a matéria diga que a igreja brasileira atravesse um tempo em que “ritos, doutrinas, tradições, dogmas [grifo nosso], jargões e hierarquias”[2]  estejam passando por um processo de revisão, eu não acho que seja bem isso. A última vez que a igreja evangélica se reuniu para elaborar dogmas cristãos irrevogáveis foi em 1895, em Niágara. Nenhum dos cinco pontos fundamentais apresentados pela reunião de Niágara foi questionado até agora pelos líderes citados na matéria (nem mesmo pelos mais liberais). O que existe são reinterpretações, como já fazia a neo-ortodoxia de Karl Barth em relação à teologia de Lutero e Calvino.

Apesar de não considerar os “novos evangélicos” como “novos reformadores”, creio que essa renovação (mas não reforma) é válida e necessária. No texto publicado pela revista Época o pastor Ricardo Agreste, referindo-se a necessidade de renovação, diz o seguinte: “O risco [...] é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais faz”.  O brilhante teólogo existencialista Paul Tillich já dizia mais ou menos isso há cerca de meio século: “ser humano significa receber respostas à pergunta do próprio ser e formular perguntas sob o impacto das respostas”[3]. Hoje as perguntas são outras. Não podemos continuar com as mesmas respostas.

Apesar da ênfase que a Época deu aos movimentos evangélicos alternativos, é preciso ter cautela.  Pensar que novas formas de articular a fé cristã representam uma solução definitiva para os problemas enfrentados pelo cristianismo contemporâneo é uma postura inocente que demonstra total desconhecimento da história da Igreja. Precisamos ser “metamorfoses ambulantes”, como já dizia o “herege” Raul Seixas. Mas sair por aí destruindo dogmas e abandonando templos só por achar que fazem parte de uma realidade ultrapassada é uma ingenuidade sem precedentes.

Lutemos pela renovação e contextualização do evangelho, mas sem abandonar a lucidez!

Notas:
[1] Código Teodosiano XVI 1 2. 
[2] REVISTA ÉPOCA. Os novos evangélicos,  09 de agosto de 2010, p. 86.
[3] TILLICH, Paul. Teologia sistemática, p. 76.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

EXTRATOS DO CILINDRO DE CIRO ENCONTRADOS NA CHINA


Por Martin Bailey | Da edição 215, julho-agosto de 2010 (The Art Newspaper)
Publicado online 2 10 de agosto (Notícias).
LONDRES. Dois ossos  fossilizados de cavalos com inscrições cuneiformes foram encontrados na China. Os ossos continham trechos do cilindro de Ciro esculpidos. Inicialmente o achado foi considerado uma falsificação devido à improbabilidade de antigos textos persas terem ido parar em Pequim. Mas após uma nova pesquisa, Irving Finkel, especialista do British Museum (BM), está agora convencido de sua autenticidade.
Datado de 539 a.C., o cilindro de Ciro foi solenemente enterrado nas muralhas da Babilônia. Seu texto celebra as conquistas de Ciro, o Grande, príncipe do império persa. O cilindro de barro foi escavado por arqueólogos do BM em 1879 e enviado para Londres, onde é uma das mais importantes peças do museu.
Resquícios do edito de Ciro (editados de acordo com a teologia israelita) podem ser encontrados nos livros bíblicos de Esdras e Crônicas.
Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá” (Esd 1,2).
 “Ora, no primeiro ano de Ciro, rei da pérsia [foi proclamado] este decreto: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós de todo o seu povo suba, e o Senhor seu Deus seja com ele” (2 Cr 36,22-23).
Abaixo a transcrição original do cilindro:
Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei legítimo, rei de Babilônia, rei da Suméria e de Acade, rei das quatro extremidades [da terra], filho de Cambises, grande rei, rei de Anzã, neto de Ciro, . . . descendente de Teíspes . . . de uma família [que] sempre [exerceu] a realeza”[1].
O texto completo sobre a descoberta  pode ser lido aqui.

Imagem: Cilindro de Ciro, Museu Britânico de Londres

Nota:
[1] Fiz uma tradução livre do espanhol. W. Eilers, Le texte cunéiforme du Cylindre de Cyrus, en: Commémoration Cyrus, Aclr 2/2, 1974, 25-34 apud SÁNCHEZ, Manel García. Barcelona: i Edicions, p.74.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

FONTES EM HEBRAICO, PROTOSINAÍTICO E UGARÍTICO PARA BAIXAR

 você está a procura de fontes de idiomas antigos não deixe de visitar o bibliplaces.com.

Além de belas imagens da Palestina o site disponibiliza um quadro comparativo de alfabetos antigos (em PDF) e diversas fontes para baixar.

Imperdível!

Quer ler mais sobre o hebraico aqui no Numinosum? Clique aqui.

JESUS, A PECADORA E OS NEOFARISEUS

Por Jones Mendonça

De acordo com uma notícia divulgada pelo Estadão, o governo do Irã sinalizou estar disposto a aceitar a oferta feita pelo presidente Lula de receber a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani. Ela foi acusada de adultério e condenada à morte por lapidação (apedrejamento), pena oficializada em 1983 no Código Penal do Irã.
Os comentários sobre essa notícia feitos por leitores de jornais de grande circulação são os mais diversos. Há que ache que tomando essa postura o Brasil se coloca como “privada do mundo”. Para outros, Lula tem reafirmado sua imagem de “capacho de ditadores”. Acho que as pessoas que tem uma opinião assim carecem de uma reflexão mais profunda e imparcial.
Bem intencionado ou não o governo brasileiro pode contribuir de forma significativa para pôr fim às sentenças de morte por apedrejamento no Irã, já que Lula é visto com simpatia pelo governo iraniano. Infelizmente em época de eleição muitos políticos (inclusive Lula) tem se aproveitado dessa situação para fazer propaganda política. Os opositores do governo acusam Lula de omissão. Outros o acusam de demagogo. Enfim, nessa história há muitos lobos e poucos cordeiros.

Espero que o desfecho do drama dessa mulher seja semelhante ao da adúltera citada no capítulo oitavo do evangelho de João. A adúltera de João foi absolvida por um argumento inteligente de alguém que realmente se preocupava com as pessoas. O advogado da mulher não era um político, mas um homem simples conhecido como Jesus de Nazaré. A diferença entre os dois casos é que hoje a absolvição da “pecadora” está nas mãos dos políticos, mais preocupados com sua projeção pessoal do que com o sofrimento alheio. Ironicamente, ao contrário do que aconteceu há dois mil anos atrás, a salvação da mulher iraniana está nas mãos dos fariseus do nosso tempo.

Ashtiani tem 43 anos e é mãe de dois filhos. Oremos por ela.

Imagem:
MARCONI, Rocco
Cristo e a mulher adúltera
c. 1525
Óleo sobre tela, 131 x 197 centímetros
Gallerie dell'Accademia, Veneza