Vejamos:
Ex 2,18,21 “elas voltaram a Reuel (hb. Reu’el), seu pai, [...] Então Moisés concordou em morar com aquele homem, o qual lhe deu sua filha Zípora.”
Ex 3,1 “Ora, Moisés estava apascentando o rebanho de Jetro (hb. Yitro), seu sogro, sacerdote de Midiã.”
Ex 4,18 “Então partiu Moisés, e voltando para Jeter (hb. yeter), seu sogro.”
Jz 4,11 “Ora, Heber, um queneu, se tinha apartado dos queneus, dos filhos de Hobab,(hb. Hobab), sogro de Moisés.”
Estranho, não?
A melhor explicação para o fato de um mesmo homem possuir tantos nomes é a hipótese que considera o Antigo Testamento como sendo o produto de diversas fontes diferentes (chamadas de javista, eloísta, sacerdotal e deuteronomista), que foram unidas ao longo da história de Israel.
É como se os alunos de uma escola resolvessem, individualmente, contar a história da turma com uma linguagem própria e mais tarde, por algum motivo, esses relatos fossem unidos num só documento. No texto final, um mesmo professor poderia ser chamado por seu primeiro nome (João), sobrenome (Castilho), apelido (Joca) ou função (professor). É possível que alguns os alunos até trocassem por descuido o nome de algum professor.
Essa é uma comparação bem simplista, mas que ajuda o leitor a entender essa hipótese (que ficou conhecida como hipótese documental), levantada inicialmente por um pastor protestante chamado Henning Bernhard Witter (1683-1715). Mas para muitos estudiosos, o pai da hipótese documental foi Jean Astruc, médico de Luiz XV e biblista amador. Uma interessante tentativa de explicar como essas fontes foram unidas foi feita por Julius Wellhausen (1844-1918).
É claro que se admitirmos que o Antigo Testamento foi formado dessa maneira a autoria mosaica terá que ser abandonada. Ele não teria um só autor, mas vários autores. É por essa e outras coisas que a tal hipótese documental tem dado o que falar.