quinta-feira, 23 de junho de 2011

O AMOR E A DOR, A ORDEM E O CAOS

O canal fechado HBO está transmitindo o incrível documentário francês "A terra vista de cima" (vu du ciel), apresentado pelo fotógrafo Yann Arthus-Bertrand. Dia desses assisti a um episódio que mostrava a dificuldade que alguns ambientalistas estavam encontrando para reinserir ursos numa reserva florestal francesa. Os ursos dão grandes prejuízos aos criadores de ovelhas da região, por isso eles fizeram um protesto lançando sangue nas paredes do prédio da prefeitura. Era preciso resolver o impasse: ou os ursos ou as ovelhas. Os líderes do protesto tinham bons argumentos para recusar os ursos, mas eles também não merecem viver? A natureza nos traz muitos problemas (animais ferozes, bactérias, insetos, tempestades, vulcões), mas será que a solução está na eliminação desses incovenientes ou precisamos aprender a conviver com eles? Como reflexão, dois poemas. O primeiro de Lou Salomé. O segundo de Carlos Drummond de Andrade. 



Sei que tens de visitar tudo o que há sobre a terra,
Onde nada é imune à tua passagem: 
E seria bela a vida sem ti.    
Mesmo assim – também tu [a dor] mereces ser vivida[1].

Amar solenemente as palmas do deserto.        
O que é entrega ou adoração expectante,                                               
E amar o inóspito, o áspero,                                                                           
Um vaso sem flor, um chão de ferro,                                                      
E o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina[2].



Notas:
[1]Halevy, Daniel. Nietzsche, uma biografia, p. 215.
[2] CAMILO, Wagner. Drummond: da rosa do povo à rosa das trevas, p. 230. 

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