quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O IRÃ NOS JORNAIS ISRAELENSES

Nas capas dos jornais de Israel figura sempre o mesmo tema: o programa nuclear iraniano e uma provável ofensiva militar conta o país persa por parte do Estado judeu. Arisco um palpite: se o Irã não provar que seu programa nuclear possui apenas fins pacíficos ou Ahrmadinejad não cair após um levante popular financiado pelos EUA, UE e Israel, a guerra vai mesmo acontecer. 

É esperar para ver. 


Jones F. Mendonça

ISTO É UM PEIXE?

A imprensa mundial tem noticiado a descoberta de um túmulo dos primeiros discípulos de Jesus, datado para a década de 70 do primeiro século. A suposta imagem de um peixe (de Jonas) aparece na maioria dos artigos como sendo uma indicação de um túmulo cristão primitivo (o sinal de Jonas seria a ressurreição). 

Acompanho há alguns anos as descobertas arqueológicas que supostamente provam ou invalidam alguns dos dogmas judaico-cristãos e aprendi a desconfiar (mente-se ou para ganhar dinheiro e/ou para conquistar fiéis). Algumas dúvidas que me inquietam: 
  • A datação está correta (70 d.C.)?, 
  • A figura é mesmo de uma grande peixe?
  • A tradução das palavras gregas e hebraicas está correta?
  • Fariseus e essênios também criam na ressurreição. Se a inscrição feita no túmulo fala mesmo de ressurreição, como se tem afirmado, o que os faz pensar que se trata de um túmulo cristão?
O mais sensato é aguardar. 

Um peixe ou um vaso? (foto: Bibleplaces)


Um peixe ou um túmulo? (foto: Blog Asor)
Jones F. Mendonça

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

TEMPO DE PÁSCOA, TEMPO DE LUCRO

"Jonas e a baleia" numa caverna
sepulcral em Jerusalém - Haaretz
Simcha Jacobovici, diretor de "O Êxodo decodificado" e "O túmulo secreto de Jesus" está de volta. Agora ele diz ter encontrado o túmulo de alguns dos primeiros discípulos de Jesus que viviam em Jerusalém por volta do ano 70 d.C. O túmulo, diz Jacobovici, está perto dos restos mortais da suposta família de Jesus. 

Eis algumas "evidências" de que se trata de um túmulo cristão primitivo:
  • Há uma figura representando o profeta Jonas (sendo engolido?) por um grande peixe, supostamente um antigo símbolo cristão;
  • Há uma inscrição da palavra "Deus" em grego ao lado de um Tetragrama (YHWH), seguidos pela palavra "surgir" ou "ressuscitado" em hebraico,
Documentários polêmicos sobre Jesus fazem sucesso, sobretudo na época da Páscoa. Jacobovici certamente vai ganhar um bom dinheiro com o trabalho. 

Leia a notícia no Haaretz e no PaleoBabble

Para uma análise crítica, visite o Blog Asor (aqui e aqui)



Jones F. Mendonça

sábado, 25 de fevereiro de 2012

AS TRADIÇÕES NEO-ASSÍRIAS E AS REFEIÇÕES FESTIVAS DO DEUTERONÔMIO

"As sete tábuas da criação",
Texto completo do Enuma
Elish
(em inglês). 
O The Bible and Interpretation publicou neste mês um artigo escrito por Peter Altmann, da Faculdade de Teologia da Universidade de Zurique, tratando sobre os paralelos entre as refeições festivas neo-assírias e israelitas presentes no livro de Deuteronômio (Dt 12, 14, 16). Eis a tese de Altmann:
Defendo que essas tradições [neo-assírias] fornecem informações fundamentais para as festas do Deuteronômio. Diante da dominação do império neo-assírio, o Deuteronômio usa a imagem da refeição festiva em exibição nas celebrações mitológicas reais encontradas no Enuma Elish e no Ciclo de Baal (para citar dois exemplos proeminentes) e as transforma em uma festa para Javé.
E ainda me aparecem cristãos querendo demonizar o sincretismo. O judaísmo é sincrético desde a raiz. O cristianismo nem se fala. 


Leia o artigo aqui.


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

NUNCA DISCUTA COM UM FUNDAMENTALISTA

Debate numa comunidade do Orkut há alguns anos. Eu insistindo que Gênesis 1-11 nada possui de histórico. Do outro lado um fundamentalista que teimava em dizer que uma das "regras de ouro da hermenêutica"  aconselhava o leitor a dar preferência ao sentido literal de um texto.  Em sua opinião não há dúvidas: Gn 1-11 descreve fatos históricos (Adão feito do barro, serpente que fala, Eva feita da costela, torre de Babel, inundação universal, etc.). Citei um texto de Salmos que diz que Yahweh "voa nas asas do vento" (Sl 18,10). Perguntei se vento tem asas. Resposta do fundamentalista: "se a Palavra diz que tem, é porque tem" (Não, não é uma piada!). 

Joguei a toalha...


Jones F. Mendonça

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A FESTA DOS FOLIÕES - HARVEY COX

Em 97, quase dez anos antes do meu ingresso no curso de teologia, fui presenteado com "A festa dos foliões"  (Vozes, 1974), do teólogo e antropólogo americano Harvey Cox. "Pepeu", meu cunhado, trabalhava numa construtora encarregada de reformar uma igreja cuja biblioteca seria posta abaixo. O livro tinha um destino certo: o lixo. Pepeu não pensou duas vezes e o trouxe para mim juntamente com outras preciosidades. Foi uma felicidade só!

Sem ter a mínima ideia do que se tratava (e até mesmo sem entender muito do que lia) fui tendo contato com reflexões sobre o aspecto festivo da religiosidade humana. Cox, irreverente, chega a propor uma nova imagem para o Filho do Homem: o Cristo arlequim. Se o ser humano é homo  ludens, o Cristo homem também não poderia ser?

Como estamos no carnaval, lembrei-me do livro, que foi emprestado em 2009 e até hoje não foi devolvido.  Fica a sugestão de leitura (e a esperança de tê-lo de volta). 

Jones F. Mendonça

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A EXEGESE JUDAICA ONTEM E HOJE

De acordo com a tradição judaica, a Torá não foi dada na Terra Santa, mas no deserto. Tal decisão divina levanta uma pergunta: “por que Deus quis assim?”. Como é bem típico na exegese judaica, textos isolados são usados para responder perguntas. Não há qualquer preocupação com o contexto.

Um belo exemplo foi publicado no jornal Arutz Sheva (10-02-12). Escrito pelo rabino HaRav Avigdor Milles, o texto apresenta pelo menos três razões possíveis para que a Torá fosse entregue no deserto:
1) A terra era para ser dada como recompensa e incentivo para o estudo e observância da Torá, por isso sua aceitação precedeu a terra: “E deu-lhes as terras das nações; e herdaram o trabalho dos povos; para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao SENHOR” (Tehilim 105,45).

2) A entrega da Torá no deserto demonstra que ela é independente da terra. Mesmo quando a nação estava no exílio, “no deserto das nações” (Yecheskeel 20,35), o estudo e cumprimento da Torá nunca deveria ser negligenciado.

3) “A fim de não despertar a inveja entre as tribos” (Mechilta, Yithro 20), o deserto foi escolhido. Assim, a Torá foi igualmente dada a cada israelita, e nenhuma tribo poderia se sentir menos obrigada, o que teria ocorrido caso a Torá tivesse sido dada em Canaã, no território de uma das tribos.
Nos Evangelhos, Mateus usa e abusa desse tipo de exegese, citando textos do Antigo Testamento completamente fora de contexto. Eis um exemplo clássico:
E vindo ali, habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno (Mt 2,23).
Você não vai encontrar tal citação em qualquer um dos profetas. É possível que Mateus tenha buscado semelhanças entre a palavra Nazaré e netzer (renovo). E como o messias é apresentado como um “renovo” por profetas como Isaías, Jeremias e Zacarias, pronto, o coelho saiu da cartola.

Coisa da exegese judaica...


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AS TAIS BOMBAS MAGNÉTICAS...

Desde que virou moda assassinar cientistas iranianos com bombas magnéticas afixadas na lataria de automóveis, as autoridades israelenses já esperavam por retaliações. Israel (por meio do Mossad), é lógico, sempre foi o principal suspeito. O governo americano negou os atentados. Israel optou pelo silêncio (quem cala consente?). 

O Irã, ao que parece, deu o troco com a mesma moeda. Na Índia e na Georgia automóveis que conduziam autoridades israelenses foram atacados com os mesmos explosivos magnéticos. O governo iraniano nega. Diz que Israel atacou seus próprios funcionários com o intuito de incitar a opinião pública contra o seu país (sim, Ahmadinejad é tão cínico como Obama e Netanyahu). 

Vez por outa ouço alguém dizendo: "Ah, mas o tal cientista iraniano trabalhava num projeto perverso. Um artefato de destruição em massa. Israel agiu em defesa dos seus cidadãos". 

Não acredito que isso seja ingenuidade. É burrice mesmo. 

Leia a notícia no J Post


Jones F. Mendonça

domingo, 12 de fevereiro de 2012

IRÃ X ISRAEL: ENTREVISTA COM O HISTORIADOR MILITAR ISRAELENSE

Cartoon: Calos Latuff
Na opinião do historiador militar israelense Martin van Creveld, o Irã não representa ameaça para Israel, mas para os países que fazem fronteira com o Golfo, como o Kuwait, Bahrein, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Ele justifica: 
Relatórios internacionais apontam que Israel tem o que é necessário para transformar o Irã em um deserto radioativo em poucas horas se esta for a ordem. Os iranianos sabem disso, assim como todo mundo sabe.
As sanções que o Irã vem recebendo tem provocado aumento de preço dos alimentos e combustíveis. O próximo passo: revoltas populares. Em minha opinião o que vem depois disso é relativamente previsível. Basta lembrar o que aconteceu na Líbia e estar atento ao que vem acontecendo na Síria.  

Leia a entrevista com van Creveld no Opera Mundi


Jones F. Mendonça

sábado, 11 de fevereiro de 2012

VEJA O QUE ESSES CARAS FAZEM COM A BIKE!

É ou não sensacional! A música que toca no fundo do primeiro vídeo é "Two shoes", da banda "The cat empire" (ouça ou baixe aqui).  A música do segundo vídeo é "Reach for the sky", da banda "Social Distortion" (ouça ou baixe aqui). 

ROGER WATERS E DAVID GILMOUR: COMFORTABLY NUMB


QUANDO O "PAPEL" É MUITO MAIS QUE "PAPEL"

Foto: The Big Picture
Para alguns, apenas mais um pedaço de papel em meio aos escombros do tsunami que assolou parte do Japão. Para Chieko Matsukava é o certificado de formatura de sua filha. O papel desencadeia boas lembranças  em Chieko. Sim, ele é mero mediador. Mas na mente dos humanos isso geralmente não fica muito claro. Para você, apenas papel. Para Chieko, lembranças que acariciam seu coração, lágrimas que enchem seus olhos. 

Na missa católica acontece algo semelhante. Durante a eucaristia, quando o cálice é elevado acima dos fiéis, ele se torna, de acordo com o dogma católico, o próprio sangue do Crucificado. Cristo torna-se presente entre os fiéis por meio do vinho tornado sangue. Daí a adoração que merece receber. 

Na religião ou na vida cotidiana: papel é mais que papel, vinho é mais que vinho. Assim é o ser humano...



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

IRAN CARTOON E O PETRÓLEO

Quer assistir a uma divertida exposição de cartoons sobre o petróleo? Clique aqui. Este aí embaixo foi desenhado por Jitet-kustana -Indonesia




Jones F. Mendonça

DESCOBERTO O TÚMULO DE JONAS [SENSACIOALISMO MIDIÁTICO]

A Israel Antiquities Authority divulgou a descoberta de uma fortaleza em Ashdod datada para o século VII ou VIII. Até aí tudo bem, a descoberta de construções tão antigas merece a atenção de quem se interessa pela arqueologia nas chamadas "terras bíblicas". O problema é que a mídia tem noticiado a descoberta do túmulo do profeta Jonas. Isso porque a tradição diz que Jonas foi enterrado lá (??!!).

Em breve vai surgir o mais novo mito gospel: "Jonas é um personagem histórico, inclusive já descobriram seu túmulo. O mais impressionante é que ao lado dos seus restos mortais foram encontrados vários ossos de baleia. Deus certamente os colocou lá para mostrar seu poder!". 

Você duvida?


Jones F. Mendonça

MILITARES TAMBÉM CHORAM

O general Gonçalves Dias (leia seu curriculum vitae aqui) chorou ao receber um bolo de aniversário dos policiais grevistas baianos.  A imagem de um general chorando foi motivo de deboche por parte da mídia. O militar tem curso de Comandos, Guerra na selva e Forças Especiais. Foi condecorado 23 vezes. Fraco ele não é. O esteriótipo do militar torturador, intransigente, bitolado, ainda sobrevive.  Militares também tem coração. Choram. Amam (e tem contas para pagar). Quem bom...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A ARQUEOLOGIA A SERVIÇO DA FÉ... E DA FALTA DE FÉ

Uma arqueologia a serviço da fé funciona assim: Um arqueólogo amador encontra um cajado no Sinai. Conclusão: é uma prova do êxodo, afinal a Bíblia diz que o patriarca tinha um cajado. Caso o tal arqueólogo ache a roda de uma biga no fundo do Mar Vermelho o êxodo passará a ser defendido como um fato histórico digno de constar nos livros escolares.

No porão de um museu do Egito há uma estela empoeirada. Nela está escrito que o Egito foi assolado por uma tempestade e que as trevas cobriram a terra. Também diz que um povo foi expulso de lá no século XVI. Conclusão: a estela está falando das 10 pragas narradas no livro do Êxodo. O povo expulso, diz o “estudioso” (o nome do tal “estudioso nunca é citado), são os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.  

Abuse de efeitos especiais. Diga que especialistas renomados (a palavra “renomados” é muito importante) atestaram a veracidade do achado arqueológico. Afirme categoricamente que os documentos estão sendo mostrados pela primeira vez e que até então ninguém tinha prestado atenção neles.

Está feito: Seu “documentário” arrecadará rios de dinheiro.

Você também pode ganhar uma boa grana fazendo o inverso. Atraia os céticos. Diga que achou o túmulo de Jesus. Produza um documentário sobre o assunto. Os ateus vão adorar. Cristãos vão comprá-lo para que seja refutado nas igrejas. Assim você ganha dos dois lados.


Jones F. Mendonça

CALVINO E PLATÃO: UM CASO DE AMOR

Platão, de Paolo Veronese (1560s)
Biblioteca Nazionale Marciana
Algumas mentes ingênuas insistem em dizer que Calvino escreveu suas Institutas inspirado apenas na Bíblia. Deus como sumo bem, a morte como dissolução da aparecia e revelação da essência, o anseio da alma por Deus... Está tudo lá, em Platão (que, aliás, já estava impregnado em Paulo e Agostinho).

A seguir algumas citações retiradas das Institutas (logo acima, em negrito, as obras de Platão tomadas como referência pelo reformador francês):
Fédon: Ora, Platão não quis dizer outra coisa, visto que amiúde ensinou que o sumo bem da alma é semelhança com Deus... (Livro I, III, 3).
O Banquete: Seria estulto buscar definição de alma da parte dos filósofos, dos quais quase nenhum, excetuando Platão, tem plenamente afirmado ser sua substância imortal. [...] Por isso é que Platão tem opinião mais correta, já que contempla a imagem de Deus na alma (Livro I, XV, 6). 
Fédon e Apologia: Platão diz algumas vezes que a vida do filósofo é a  editação da morte. Com verdade maior, podemos dizer que a vida do cristão é um contínuo esforço e exercício para a mortificação da carne (Livro III, III, 20).
Theateto:...ninguém, exceto Platão, reconheceu que o sumo bem do homem é sua união com Deus (Livro III, XXV, 2).

A República: Há em Platão, no segundo livro de A República, uma passagem admirável, onde, quando disserta acerca dos antigos pagãos e ridiculariza a estulta confiança dos homens ímpios e celerados que pensavam com estes como que véus se cobriam suas ignominiosas ações (Livro IV, XVIII, 15).
Um Calvino 100% bíblico... lenda, delírio, pura tolice.  


Jones F. Mendonça

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

POLICIAIS E BOMBEIROS CARIOCAS PROMETEM PARAR NO CARNAVAL

A Bahia está imersa no caos com a paralisação da polícia. No Rio, bombeiros, policiais militares e civis prometem parar em pleno carnaval. Cabral tem irritado os policiais ao dar aumentos mínimos em parcelas máximas. O bônus concedido aos policiais das UPPs sempre atrasa. O governador deve estar bastante preocupado, afinal carnaval = muito dinheiro para o Estado. A greve está sendo convocada pelo Facebook, como entre os manifestantes da primavera árabe. Abaixo um exemplar que circula na rede:





Jones F. Mendonça

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

BORIS VALLEJO E CHRIS ACHILLEOS [ILUSTRAÇÃO]

Final da década de 80. Nas horas vagas (e até mesmo nas não vagas) meu principal passatempo era o desenho: caveiras, demônios, sereias, dragões, tudo o que um tímido menino "crente" não deveria desenhar. As repreensões foram muitas, nem quero lembrar. Nas carteiras recobertas com fórmica branca das escolas públicas nas quais estudei, meu lápis deixava sua marca (um crime, reconheço). Eis que num belo dia meu primo, o Jason,  me aparece com um livro de ilustrações importado, recheado com desenhos impressionantes. Encadernação de primeira. Papel da mais alta qualidade. Um luxo só. Entrei em êxtase. Hoje, não sei por que, resolvi pesquisar no Google o nome dos dois artistas: Boris Vallejo e Chris Achilleos. Para o meu deleite, ambos possuem um site expondo seus trabalhos. Duas ilustrações do Chris, o meu preferido, aparecem abaixo:

Extinction II - 1981
The Lovers - 1983


INTERVENÇÃO NA SÍRIA E O VETO DA RÚSSIA

A Rússia possui uma base naval em Latákia, na Síria. 

A Liga Árabe pediu à ONU apoio para pressionar o presidente sírio Bashar al-Assad a transferir os poderes a seu vice. Os EUA negam a intenção de promover qualquer tipo de intervenção militar na Síria. O governo russo analisa vantagens e desvantagens entre um veto ou uma abstenção. Uma das possíveis perdas, caso opte pela abstenção, é a base naval perto de Latakia, um valioso ponto estratégico no Mediterrâneo. Por outro lado, um voto contra a resolução pode ser interpretado como um voto contra o mundo árabe.

Ainda há mentes ingênuas que pensam ser a disputa um conflito entre forças do bem e forças do mal. Não há bons e nem maus, apenas interesses. 

Jones F. Mendonça