quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

ELOCUBRAÇÕES SOBRE O DIVINO

De onde veio o mal, perguntaram-se os primeiros teólogos.  Então...

Os maniqueístas: duas divindades supremas presidem o universo. O mal tem caráter metafísico e ontológico.  Os seres do universo surgiram a partir da luta entre os dois princípios (Luz/alma/bem – Trevas/corpo/mal). Deus deixa de ser responsabilizado pelo mal. O homem também não é responsável pelo mal que faz (o mal é inerente à natureza corpórea).

Plotino: o mal está na matéria, extremo limite do Uno no processo de emanação. O mal é degradação da perfeição, apesar disso é necessário, pois expressa a multiplicidade das essências. O homem é, como Ulisses, um ser desejoso de voltar à pátria. O mal tem caráter ontológico-estético-natural.

Agostinho: O mal não é um ser, mas deficiência e privação de ser. O mal moral é produto da vontade má. O mal físico é conseqüência do pecado original, ou seja, é conseqüência do mal moral.

É, isso cansa. 


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CAUSA MORTIS

Tragédia em Santa Maria, RS. Mais de 200 mortos.

O legista: intoxicação respiratória por inalação de monóxido de carbono;
O fiscal: alvará vencido;
O moralista: promiscuidade dos jovens;
O engenheiro civil: obra mal projetada;
O especialista em segurança: funcionários mal orientados;
O perito da Polícia Civil: artefato pirotécnico inadequado para ambientes fechados.
A vítima do acidente que sobreviveu: músico irresponsável;
A oposição ao governo Dilma: culpa do PT;
A imprensa: qualquer coisa que dê IBOPE;
O religioso: A Divina Providência.

Simplificações para uma tragédia brasileira. 

Jones F. Mendonça

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ENTENDA AS ELEIÇÕES EM ISRAEL

Leia no Opera Mundi.


SOBRE POLÍTICA, CARNIÇA E ABUTRES

Arte: Carlos Latuff
Repete-se hoje nos países islâmicos o que ocorreu no Irã em 79. A população com tendências laicas protesta ao lado dos radicais islâmicos contra um governo autoritário. De mãos dadas o grupo derruba a antiga tirania. O vácuo de poder é ocupado pelos radicais, que perseguem ferozmente seus opositores (laicos e membros do antigo governo).

Nos céus, com as asas bem estendidas e com um faro super apurado, planam os abutres da Europa e da América, na esperança de obterem alguma vantagem do novo quadro que se formou.

Há algo de novo debaixo do céu?


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

DEUS JOGA DADOS (?)

Stephen Hawking, contrariando Einstein, acha que "Deus"
joga dados. 

Na teologia reformada não existe sorte. A palavra pode até ser empregada por um calvinista, mas possui uma conotação diferente: sorte = evento que tem como origem um decreto divino motivado por um critério misterioso. Por trás de tudo move-se a Providência com seus fios invisíveis e infalíveis. Para a frágil e ingênua criatura humana os ventos que sopram a vela da história parecem “sorte” ou “acaso” ou são frutos da atividade humana. Mas no fundo, dirá um calvinista, o que chamamos “sorte” ou “acaso” não passa de um decreto divino.

Quando o assunto é salvação o processo é o mesmo. Deus “vota”, digamos assim, num indivíduo e ele é incluído gratuitamente entre os eleitos. Não importa se fez uma boa “campanha”, ou se é um “bom candidato”, ou se tem um grande poder de persuasão. O “eleito” também não ganha essa condição por acaso, como ocorre com um dado lançado numa mesa de jogo. Aliás, Deus até pode jogar dados, mas são dados “viciados”. Quando Ele quer que o resultado seja um seis, certamente será um seis. Ponto.

Os problemas começam quando o assunto é o pecado original, uma das doutrinas fundamentais na teologia cristã. Ora, se a desobediência do primeiro casal foi o resultado de um decreto divino, como ambos (e toda uma geração posterior) podem ser responsabilizados por tal ato? Deus jogou o “dado viciado” e o resultado foi: “comer o fruto proibido”. Haveria alternativa senão comê-lo? Deus, neste caso, não se faz autor do pecado?

Calvino dirá que não. Sei...


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ÁGUA DO MAR VERMELHO SERÁ BOMBEADA PARA O MAR MORTO, PREVÊ PROJETO

Imagem: Haarez

Fiz o resumo de uma notícia veiculada pelo Haaretz (versão só para assinantes, 16/01/13):

Alguns estudos indicam que se nenhuma medida for tomada o Mar Morto irá encolher cerca de 10% nos próximos 50 anos, o que traria graves danos ao turismo, às indústrias locais e ao meio ambiente. A solução encontrada pelos governos de Israel e da Jordânia: bombear água do Mar Vermelho. O projeto prevê a construção de uma estação de bombeamento no Golfo de Áqaba e uma estação de dessalinização com capacidade de meio bilhão de metros cúbicos por ano. O elevado custo da obra e críticas vindas de ambientalistas constituem sérias ameaças a esse ambicioso projeto.

Se você é assinante ou se cadastrou (como eu) para acessar 10 artigos do Haaretz por mês gratuitamente, leia o artigo completo aqui.




Jones F. Mendonça 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

NOTÍCIAS DO ORIENTE

Foi-se 2012 e Bashar Al Assad continua firme no poder em Damasco, apesar de opositores terem conquistado alguns territórios do país. Quem se interessa pela política do Oriente Médio deve dar uma olhada neste mapa abaixo publicado pelo New York Times. Também vale conferir este, este e este artigo, todos escritos pelo jornalista Gustavo Chacra em seu Blog. 

Um interessante Blog estrangeiro sobre o Oriente Médio é o do jornalista britânico Jonathan Cook.


Jones F. Mendonça

SALOMÃO GINSBURG, OS BATISTAS E A MAÇONARIA


Famoso por ter criado o Cantor Cristão, Salomão Ginsburg - missionário batista fundador de inúmeras igrejas em território brasileiro - está em Jacobina, no centro norte baiano. É final do século XIX e a reação católica aos protestantes é extremamente hostil. Enquanto prega, uma multidão armada com punhais cerca o dedicado missionário. Salomão ora pedindo livramento a Deus e um pensamento lhe vem de súbito: “Seria possível que naquele lugar houvesse um irmão maçom?”. Sem pensar duas vezes este ilustre maçom protestante faz o sinal da maçonaria e alguns homens o cercam, conduzindo-o a uma das melhores residências da cidade. Ufa!

Este é apenas um caso de ajuda maçônica relatado por Salomão Ginsburg em seu livro “Um judeu errante no Brasil”, publicado pela JUERP (dê uma olhada nas páginas 82, 83 e 110). Os maçons, liberais e progressistas, viram o protestantismo como um ótimo instrumento contra o poder da igreja católica, considerada conservadora e atrasada. Como fez com os templários, a igreja católica logo tratou de demonizar os maçons, artifício que também foi utilizado por evangélicos em relação aos dois primeiros. A influência maçônica entre os protestantes foi tão significativa que em 1903 ocorreu um cisma na igreja presbiteriana.

Na raiz de todas essas disputas está a luta pelo poder. A fé funciona como isca. O demônio, por mais estranho que possa parecer, alimenta a fé. É assim desde os primórdios...


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

PAZ

Por Homayoun Mahmoudi - Irã - 02/01/2013

PARA COMPREENDER O CRISTIANISMO PRIMITIVO II [LIVROS]


V.V, A.A. Cristianismo primitivo y religiones mistéricas. Madrid. Ediciones Cátedra, 1995.

Diferentemente do que pode parecer, o livro não trata apenas da relação entre o cristianismo primitivo e as religiões mistéricas. Há muito mais. Como a obra é bastante extensa (possui 33 capítulos), farei uma breve apresentação dos 10 primeiros capítulos.

No primeiro capítulo J. M. Blázquez (autor da maior parte do livro) trata sobre as fontes para o conhecimento de Jesus: A Fonte Q, a autoria, data da redação e a origem dos Evangelhos, as cartas paulinas e os evangelhos apócrifos (fontes judaicas e romanas sobre Jesus são tratadas no capítulo IV). Em seguida, nos capítulos II, III e IV, o mesmo autor trata sobre o mundo em que nasceu o cristianismo, as seitas judaicas e a pessoa de Jesus (sua vida pública, idioma que falava, família, pregação, interpretações de sua mensagem, etc.). O capítulo V, ainda sob os cuidados de J. M. Blázquez trata sobre a estrutura social do cristianismo primitivo. Temas como a situação social da mulher, o ambiente urbano do cristianismo dos primeiros séculos e sua organização eclesiástica são abordados pelo autor.

O capítulo VI, escrito por Arminda Lozano Velilla, Catedrático de História Antiga da Universidade Complutense de Madri, tem como foco o panorama religioso da Ásia Menor na época helenístico-romana. Lozano apresenta algumas das principais características das escolas filosóficas helenísticas desse período: platonismo, epicurismo, estoicismo e cinismo. O culto ao imperador, a astrologia, a ideia monoteísta e a religião solar também recebem atenção especial. O autor prossegue tratando sobre as religiões pagãs e suas principais divindades (Cibele, Atis, Zeus, etc.).

J. M. Blázquez volta à cena nos capítulos VII e VIII. Seu interesse agora se volta para a reação pagã ao cristianismo primitivo (Epícteto, Crescente, Frontón, Luciano de Samosata, Marco Aurélio, Apuleio, Hélio Aistides, Galeno, Celso, Dion Cassio, Cipriano e Porfírio) e a resposta dos apologistas gregos e latinos a esses ataques. Tertuliano recebe uma atenção especial no capítulo VIII (o capítulo XI dedica algumas páginas aos demais apologistas).

Antonio Piñero, autor do IX capítulo, aborda o gnosticismo e sua relação com o cristianismo dos primeiros séculos. No capítulo X, marcando um novo retorno de J. M. Blázquez, são discutidas as influências da filosofia grega nos pensadores cristãos (se este último tema é do seu interesse, vale conferir este post) .

Bem, ficam para um próximo post os demais capítulos dessa valiosa obra.


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

M. C. ESCHER: O MAGO DA PERSPECTIVA [VÍDEO DUBLADO]


RENÉ MAGRITTE: A TENTATIVA DO IMPOSSÍVEL [VÍDEO DUBLADO]

Sensacional:

PARA COMPREENDER O CRISTIANISMO PRIMITIVO [LIVROS]


Dando continuidade à indicação de livros que considero valiosos para a compreensão do chamado “mundo bíblico” (Antigo e Novo Testamento) e do cristianismo primitivo, segue abaixo um breve comentário sobre o seguinte livro:

JAEGER, Werner. Cristianismo primitivo y paideia griega. México, DF, Fundo de Cultura Económica del México, 1985, 151 páginas.

A tese do autor: sem a expansão da cultura grega, promovida pelas conquistas de Alexandre Magno, o cristianismo não teria se tornado uma religião universal. As controvérsias dos séculos II e III entre homens de cultura formados na tradição clássica (tais como Tácito, Marco Aurélio, Galeno e Celso) e cristãos também são discutidas pelo autor. Para finalizar, Jeager discute a síntese do pensamento grego e cristão, bem expresso nas obras de Basílio de Cesareia, Gregorio Nasiaceno e Gregório de Nisa. A morte do autor impediu que seu trabalho fosse concluído, por isso o livreto tem sido considerado (apenas?) um esboço. Eis alguns pontos apresentados pelo autor na introdução da obra:
  • O cristianismo era um movimento judeu, mas tanto os judeus da diáspora quanto os da Palestina estavam helenizados;
  • Foram justamente os “helenistas” de Jerusalém que deram maior impulso à atividade missionária na Palestina;
  • O grego era falado em todas as synagogai das cidades mediterrâneas;
  • Paulo discursava aos judeus em grego com todas as sutilizas da lógica grega;
  • O Antigo testamento era citado segundo a tradução grega dos Setenta (Septuaginta);
  • A expressão “roda da criação” (cf. Tg 3,6) empregada por Tiago tem origem na religião órfica;
  • O livro de Atos apresenta Paulo citando poetas gregos em seu discurso no areópago;
Aqueles que quiserem se aprofundar no tema “Paideia grega” devem ler outra obra do mesmo autor: “Paideia: a formação do homem grego”, publicado pela editora Martins Fontes. 


Jones F. Mendonça