quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

ELOCUBRAÇÕES SOBRE O DIVINO

De onde veio o mal, perguntaram-se os primeiros teólogos.  Então...

Os maniqueístas: duas divindades supremas presidem o universo. O mal tem caráter metafísico e ontológico.  Os seres do universo surgiram a partir da luta entre os dois princípios (Luz/alma/bem – Trevas/corpo/mal). Deus deixa de ser responsabilizado pelo mal. O homem também não é responsável pelo mal que faz (o mal é inerente à natureza corpórea).

Plotino: o mal está na matéria, extremo limite do Uno no processo de emanação. O mal é degradação da perfeição, apesar disso é necessário, pois expressa a multiplicidade das essências. O homem é, como Ulisses, um ser desejoso de voltar à pátria. O mal tem caráter ontológico-estético-natural.

Agostinho: O mal não é um ser, mas deficiência e privação de ser. O mal moral é produto da vontade má. O mal físico é conseqüência do pecado original, ou seja, é conseqüência do mal moral.

É, isso cansa. 


Jones F. Mendonça

4 comentários:

  1. "Isso cansa..."
    Será por uma frustração? Será que isso cansa porque na verdade todos nós temos uma pontinha de dogmático e ortodoxo?

    Tô só perguntando...
    André R. Fonseca

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  2. André,

    Aceito a provocação, mas honestamente não acho que seja frustração. Como o tema é recorrente em meu Blog, certamente há algo que me motiva a escrever tanto sobre o assunto (num víeis aparentemente carregado de anti-intelectualismo). Veja, uma coisa é discutirmos sobre o comportamento de uma turba enfurecida que sai de uma construção em chamas, ou de um indivíduo esquizofrênico, ou sobre a diminuição de chuvas na região nordeste do Brasil, ou ainda sobre a composição química de uma rocha colhida em marte por uma sonda espacial. Em todos esses casos temos elementos de análise concretos. Já em discussões teológicas ligadas a temas tais como a trindade ou a natureza de Deus e sua relação com o mundo, tudo não passa de especulação. Deus não pode ser submetido à análise. É metafísica. Além disso, a construção do pensamento teológico sempre será limitada pelo dogma, que no fundo é tradição.

    Repudio, por exemplo, a teologia de Calvino e a teologia da prosperidade não porque tenho certeza de que Deus não corresponde ao que dizem tais correntes teológicas. O certo é que por vezes o Deus bíblico dá suporte ao que Calvino diz. Também é certo que a teologia da prosperidade encontra textos (particularmente no A.T.) que justificam o discurso de pregadores como Edir Macedo e de Valdomiro Santiago. A leitura é sempre seletiva e orientada segundo interesses pessoais, seja na sofisticação dos escritos de Agostinho e Aquino, seja no discurso popular de um Malafaia. Não que eu não acredite na possibilidade de uma leitura objetiva de um texto. Acontece que a Bíblia é formada por muitos livros com teologias diferentes, daí a confusão.

    Não acho que minha implicância tenha a ver com uma ortodoxia enrustida (ou com o “correto pensar”) simplesmente porque não acredito que na esfera do pensamento teológico seja possível dizer quem detêm a verdade (não se trata de relativismo). Gosto de expor falhas lógicas no pensamento dos grandes teólogos como exercício intelectual e por pura diversão. E no fundo, confesso, tenho lá um desejo de que Deus seja como eu penso que seja. Quando falamos de Deus falamos de nós mesmos, já dizia Feuerbach. Não sou diferente.

    Ortodoxia? Não.

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  3. Gosto de expor falhas lógicas no pensamento dos grandes teólogos como exercício intelectual e por pura diversão...

    Falou e disse, Jones. Abelardo Jones. ;)

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  4. Corrigindo: "viés" e não "víeis", como saiu. Quanto ao Abelardo, espero não ter o mesmo fim que ele teve, rs,rs.

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