quinta-feira, 28 de março de 2013

E O HOMEM CHEGA A ... MARTE?

Brincadeira (é lógico), trata-se de uma simulação registrada pelo fotógrafo da Reuters Jim Urquhart no deserto do Marrocos. Confira mais fotos aqui:


EXTREMOS

Charge: Carlos Latuff
A relação entre a bancada evangélica e o GLS tem sido conflituosa. De uma lado o deputado Marco Feliciano, um sujeito que espera explicar as mazelas que assolam a África com um texto tomado do Gênesis (Noé amaldiçoando Canaã, filho de Cam, suposto ancestral primitivo dos africanos). Tecnicamente tal interpretação não é racista, mas possui raízes racistas. 

Aos meus olhos a maldição de Noé sobre Canaã visa explicar e justificar a expulsão dos cananeus da terra (o alvo principal não é a África, mas Canaã, a "terra prometida"). Foi escrito, lógico, séculos depois do estabelecimento dos israelitas na costa oriental do Mediterrâneo (talvez durante o exílio). 

Ao GLS falta inteligência. Jean Wyllys, apesar dos vídeos editados e frases tiradas do seu contexto por opositores, segue por um caminho perigoso. Falta-lhe habilidade política. As tensas manifestações pela saída de Marco Feliciano da Comissão de Direitos Humanos da Câmara talvez tenha sido um tiro no pé. Infelizmente. 

Espero que a pouco amistosa relação entre os dois grupos seja amenizada. O Brasil não precisa de uma teocracia. Tampouco de uma ditadura gay. É preciso seguir pelo caminho do meio.  


Jones F. Mendonça

EXPLORANDO A RESSURREIÇÃO DE JESUS NO BIBLE HISTORY DAILY

O Bible History Daily está disponibilizando gratuitamente para download o e-book "Easter: exploring the resurrection of Jesus". A apresentação dos temas abordados no e-book, com seus respectivos autores, segue conforme abaixo:

1. Sara Murphy - Introduction
2. Hershel Shanks - Emmaus: Where Christ Appeared
3. N. T. Wright - The Resurrection of Resurrection
4. Marcus J. Borg - Thinking about Easter
5. Michael W. Holmes - To Be Continued…

Para baixar o e-book você precisa se cadastrar no site do Bible Hirtory Daily


Jones F. Mendonça


terça-feira, 26 de março de 2013

O MESSIAS RÉGIO E O MESSIAS SACERDOTAL

Após a morte do davidida Zorobabel (neto de Jeconias, tido como o “anel de selar” em Ag 2.23) a figura do sacerdote foi ganhando cada vez mais proeminência. Sua não coroação e a conseqüente não concretização do tempo escatológico parece ter impulsionado um retoque no texto original de Zc 6,9-14, que substitui o descendente de Davi por Josué, o sacerdote. Nesse ambiente de expectativa escatológica frustrada surgiu a crença em dois messias. O primeiro viria de uma linhagem sacerdotal (messias de Aarão). O segundo seria um descendente de Davi (messias davídico).

Numa refeição comum mencionada em 1QSa 2,11-22 fica evidente a esperança de dois messias. Aliás, o texto deixa claro que o sacerdote desempenha um papel superior ao do messias davídico:
E [quando eles] estiverem juntos [à mes]a [ou para beber o vinho no]vo e (quando) a mesa estiver preparada e [o] vinho novo for [misturado] para beber, [nin]guém deverá [estender] a mão para as primícias do pão e [o vinho novo] antes do sacerdote; pois [ele é quem vai ab]ençoar as primícias do pão e o vinho nov[o e estenderá] a mão para o pão primeiro. Depois di[sso], o Messias de Israel [estender]á a mão para o pão (FITZMYER, 1997, p. 89).
Algumas diferenças entre o TM (texto massorético – séc. X d.C.) e os MMM (Manuscritos do Mar Morto – séc. I a.C.) parecem sugerir que o profeta Malaquias (Ml 3,1-2) também alimentava a expectativa por dois messias: o adonai e o mensageiro. Compare:

Há quem pense (Cf. TABOR, 2006, p. 165) que essa esperança, mantida viva pela comunidade de Qumran, teria sido lançada sobre a figura de João Batista (apresentado como sacerdote da tribo de Levi) e Jesus (tido como descendente de Davi da tribo de Judá). A separação entre as duas figuras (João – “movimento judaico” x Jesus – “movimento cristão”) teria sido feita mais tarde pela comunidade cristã.

Ao que aparece a tradição de um messias sacerdote deixou marcas bem visíveis no livro de Hebreus, que declara que Jesus é sacerdote da linhagem de Melquisedeque, ou seja, é sacerdote por unção divina direta e não por linhagem, da mesma forma que o rei-sacerdote jebuseu. Diz-nos ainda o autor de Hebreus: “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9,22). Jesus é visto como o cordeiro que entrega sua vida num sacrifício substitutivo. Mas a ideia de que Jesus tinha que morrer traz muitos problemas. Anselmo de Cantuária que o diga. 

Nas teologias sistemáticas o tema escatologia é apresentado como se houvesse coesão entre os diversos textos. Surgem, por exemplo, “modelos escatológicos”, como o amilenismo, pré-milenismo e pós-milenismo. Em minha opinião faz mais sentido pensar que a esperança messiânica foi sendo moldada de acordo com o contexto no qual estava inserida a população israelita. Então o que sobra? Só a esperança. Nada mais.


Jones F. Mendonça

sábado, 23 de março de 2013

VIETNÃ DEPOIS DA GUERRA


Lotes de arroz no vale de Bacson, Vietnã. Veja outras fotos selecionadas no concurso da revista Smithsonian, via The Big Picture aqui


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 20 de março de 2013

NAHAM: SUSPIRO FORTE

Lamentação sobre o Cristo
morto (Sando Botticelli)
Livro do profeta Jonas, capítulo 3, verso 10:
“Viu Deus o que fizeram [os ninivitas], como se converteram do seu mau caminho, e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez”.
Jonas ficou irado, afinal, como assim Deus se arrependeu? O que falou tá falado!

A palavra hebraica traduzida por “se arrependeu” = naham = suspirar, lamentar, consolar, etc.

Esse “suspiro” ou “lamento” pode ter diversos significados, dependendo do contexto.

Alguém vê uma criança chorando a morte da mãe. Então um suspiro forte (naham) agita seu espírito. Naham aqui é “compaixão”. Tal pessoa teve compaixão da criança que se dissolvia em lágrimas.

Certa mulher sofre subitamente um aborto espontâneo. Ela chora. Seu marido se aproxima, lhe dá um abraço apertado e suspira profundamente (naham) enquanto acaricia seus cabelos. Naham aqui é consolo. Tal marido consolou sua esposa aflita por tão grande infortúnio.

Um pai diz que punirá seu filho caso ele não seja aprovado num concurso. O filho fracassa e com a mente perturbada acaba sofrendo um acidente fatal. O pai, no velório, suspira (naham) amargurado sobre o esquife. Naham aqui é arrependimento.

Como se vê, um suspiro forte pode significar muitas coisas.

Os israelitas depositavam sua fé num Deus cheio de contradições. Ele estava próximo, mas estava longe. Ele não mudava, mas mudava. Ele não era homem para se arrepender, mas se arrependia. Aparentemente não viam problema nisso. Até que vieram os judeus helenizados e “higienizaram” as escrituras hebraicas, removendo todas as suas contradições (a LXX é um testemunho vivo dessa tarefa hercúlea).

Um Deus destituído de emoções. Ficou um livro chato...


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 18 de março de 2013

BAIXANDO LEGENDAS DE VÍDEOS DO YOUTUBE


Você encontra aquele tão procurado vídeo legendado no YouTube. Mais que depressa baixa o arquivo para seu micro. Quando você abre o vídeo... cadê as legendas?!! Bem, há muitos sites que explicam como capturar as legendas, mas é sempre aquela ladainha. Veja como baixá-las passo a passo (sem enrolação):
1. Baixe o vídeo do YouTube (com o programa aTube, por exemplo);
2. Para capturar as legendas, baixe o programa Google2SRT e instale-o em sua máquina;
3. Feito isso, clique no arquivo "run" do Google2SRT;
4. Assim que o programa abrir, cole o endereço do vídeo (do YouTube) no local indicado ("legendas do Google"), clique em "ler" e depois em "converter";
5. O programa vai baixar a legenda e salvar no seu micro (verifique o endereço onde o arquivo foi salvo em "legendas SRT");
6. Copie o arquivo com a legenda para a pasta onde o vídeo foi salvo;
7. Está feito!

Como utilizo o Media Player Classic para rodar o vídeo, tive executar mais um procedimento ao abri-lo: Cliquei em "file", e "load subtitle". As legendas apareceram. 


Jones F. Mendonça




domingo, 17 de março de 2013

MILENARISMOS

Cena da mitologia persa
Faço buscas sobre movimentos milenaristas. Acabei encontrando, por acaso, o Center of Millennial Studies, da Universidade de Boston. Definição do centro de estudos presente no site: 
O Centro de Estudos do Milênio (CEM), um centro de pesquisa sem fins lucrativos baseado na Universidade de Boston, com filiais em todo o mundo, é o maior centro mundial de pesquisa acadêmica dedicada a estudos milenares. Composto por acadêmicos, pesquisadores independentes, estudantes de graduação e outros, o CEM fornece uma importante ligação entre amplas disciplinas e o crescente interesse popular em atividades milenares e apocalípticas.




Jones F. Mendonça 




sábado, 16 de março de 2013

AS SETE TÁBUAS DA CRIAÇÃO NO PROJETO GUTENBERG

Da Biblioteca de Ashur-bani-pal em Kouyunjik (Nínive): agora no Museu Britânico

Trecho tomado do mito sumeriano presente nas "Sete Tábuas da Criação":  

Marduk (filho de Ea) estabeleceu uma cana sobre a face das águas,
Ele formou o pó e o derramou ao lado da cana...
Ele formou a humanidade 
(LW King, p. 129). 


Leia mais (texto ilustrado) no Projeto Gutenberg


Jones F. Mendonça

O MILENARISMO E OS PERSAS

Em muitos livros sobre escatologia é dito que o apocaliptismo recebeu forte influência da religião persa (o dualismo, a divisão do mundo em eras, o milênio, etc.). Infelizmente poucos deles citam textos sagrados  (fontes primárias) da religião zoroástrica, tais como o Avesta. Ainda que partes do livro remontem ao final da Idade Média, também incorporam mitos pagãos mais antigos, que reaparecem no Shahnama ("Livro do Reis"), concluído por volta do ano 1010 d.C. Como sou um sujeito desconfiado, saí atrás de citações do Avesta. Encontrei algumas no livro: "Mitos Persas", de Vesta Sarkhosh Curtis, diretora de Iran, revista inglesa publicada pelo Instituto Britânico de Estudos Persas.  

Ainda estou dando uma boa olhada no livro. Encontrei uma referência a um reinado de mil anos, mas, neste caso, uma reinado maléfico: 

Zahhak se sentó en el trono mil años.
obedecido por todo el mundo. Durante tan largo tiempo
las sabias costumbres estuvieran en desuso...
Las virtudes eram despreciadas, la magia negra estimulada,
la justicia perdida en la noche, el desastre manifiesto (I, v. 35).

Como utilizo o Blog como um grande arquivo, fica o registro. 

Ah, você também pode consultar textos do Avesta no Gutenberg Project


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 14 de março de 2013

YAHWEH SOBRE QUERUBINS


Fonte: University of Oxford
“Yahweh está entronizado sobre os querubins”, expressão que é repetida em cânticos cristãos como um mantra. Mas qual o sentido dessa frase? Eis alguns textos nos quais essa ideia aparece:
1Sm 4,4  Enviou, pois, o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca do pacto do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins...

2Sm 6,2  ... o nome do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins.

Sl 99,1  O Senhor reina, tremam os povos; ele está entronizado sobre os querubins...

Is 37,16 O Senhor dos exércitos, Deus de Israel, tu que estás sentado sobre os querubins...
A imagem de uma divindade (ou um rei) sustentada por querubins vem de um ideário religioso estrangeiro, como atestam inúmeras figuras encontradas na região do Fértil crescente (daí minha tese de que Ez 28 fala de um rei e um querubim, como na LXX, e não de um rei-querubim). Sobre a arca da aliança havia dois querubins, provavelmente indicando um trono (vazio) que era ocupado por Yahweh. Note que Yahweh falava a Moisés “do meio dos dois querubins”:
E ali virei a ti, e de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, falarei contigo a respeito de tudo o que eu te ordenar no tocante aos filhos de Israel (Ex 25,22).
Outro texto que deixa evidente que a arca era uma espécie de suporte, trono ou pedestal divino, encontra-se em Nm 10,35:
Quando, pois, a arca partia, dizia Moisés: Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam.
Em Ezequiel Yahweh surge majestosamente na Babilônia voando sobre um trono sustentado por querubins (que na verdade são esfinges, imponentes bestas aladas):
Então os querubins elevaram as suas asas, estando as rodas ao lado deles; e a glória do Deus de Israel estava em cima sobre eles (Ez 11,22).
A antiga crença de que o templo era "morada de Yahweh" já estava ultrapassada. A mensagem é clara: Yahweh não foi destruído com o templo. Ele veio até Babilônia para nos resgatar das mãos dos nossos inimigos.

Quando Jeroboão mandou confeccionar um bezerro de ouro, pensava provavelmente numa espécie de pedestal (como a arca de Jerusalém) e não numa imagem a ser adorada. Mas quem contou a história foi o povo de Judá...


Jones F. Mendonça

OS MITOS AINDA PULSAM


El, supremo deus do panteão cananeu, tornou-se um deus fraco, idoso, sem vitalidade. Baal (que não é nome próprio, mas título), associado com as tempestades e, portanto, à fertilidade do solo, ganhou popularidade entre os cananeus (e entre alguns israelitas). Numa das mãos ele carrega um raio. Na outra, uma clava.

Num grande complexo de épicos ugaríticos (de Ugarir, na Síria) do século XV a.C., Baal derrota as forças caóticas de Yam, deus do mar (numa outra versão Baal derrota Lotan, um dragão de sete cabeças que se tornou Leviatan entre os hebreus) mas depois é derrotado por Mot, deus da morte. Surpreendentemente Baal ressurge do mundo dos mortos com a ajuda de Anath, sua esposa-irmã. 

Mitos que narram a derrota de forças caóticas por algum deus já se faziam presentes na Mesopotâmia. Tiamat (águas salgadas, representando as forças caóticas) é derrotado por Marduk no Enuma Elish. Num outro texto mesopotâmico extremamente antigo Innana ressurge do mundo subterrâneo após ser socorrida por Enlil e Enki. Desordem e morte, elementos que atormentam o ser humano desde os primórdios. Tais mitos se originaram em sociedades agrárias, assoladas por inundações, secas, pragas, infertilidade do solo, etc. 

Hoje vivemos em cidades. Muitos sequer têm a oportunidade de sentir o cheiro molhado da terra. Algumas crianças dificilmente tocarão num pé de alface, ou de agrião ou de cebolinha fincados no solo. Mundo digital, midiático e virtual.

Século XXI e a força dos antigos mitos ainda pulsa sem cessar. Até quando?


Jones F. Mendonça

terça-feira, 12 de março de 2013

GEOGRAFIA BÍBLICA: MESOPOTÂMIA

Tenho preparado, a duras penas, material para as aulas de geografia bíblica no STBC. Acabo de concluir a parte destinada à Mesopotâmia. O material ainda carece de melhoras (visuais e de conteúdo). Estou postando assim mesmo a fim de que seja submetido às críticas e sugestões. Segue o material: 

segunda-feira, 11 de março de 2013

NIETZSCHE E O NIILISMO: RESSENTIMENTO, MÁ CONSCIÊNCIA E IDEAL ASCÉTICO

Prometeu acorrentado,
de JacobJordaens (1640). 
Nietzsche afirmou que os valores morais foram criados pelos próprios homens e não oriundos de um além mundo como anunciavam os religiosos. Ele iniciou sua investigação na Grécia pré-socrática, particularmente na tragédia grega, manifestação artística que expressava a forma positiva com a qual os gregos encaravam a existência. Os gregos desse tempo - defendia Nietzsche - afirmavam a vida a despeito das atrocidades e falta de sentido do mundo. Mas a partir de Sócrates e Platão, a ideia de um “outro mundo”, perfeito, ideal e pleno, teria se cristalizado na consciência dos gregos, dando início à decadência do espírito trágico. Se há um mundo perfeito, verdadeiro, ideal, teriam pensado os gregos sob a nova visão de mundo, é nele que o homem deve buscar o modelo do correto sentir, do correto pensar e do correto agir. Surgiam assim os fundamentos da moral judaico-cristã. Essa moral, anunciada pelos seguidores do Cristo (e não pelo próprio Cristo, insistia Nietzsche), particularmente por Paulo de Tarso, teria dominado a civilização ocidental por quase dois milênios, dando origem à “enfermidade do século”, o niilismo, negação e depreciação da vida em nome do além.

Nietzsche definiu o niilismo a partir de três figuras principais: o ressentimento, a má consciência e o ideal ascético. O ressentimento teria surgido a partir da busca dos “fracos” pelos culpados por suas mazelas. Tais pessoas, incapazes de enfrentar as atrocidades da existência, teriam interiorizado seus afetos e envenenado a si mesmo, dando origem à figura do ressentido, um indivíduo impotente diante dos “fortes”, que oculta sua amargura no comportamento humilde, submisso, obediente, paciente e perdoador. Esse movimento de introjeção teria como desdobramento a “má consciência”, ou sentimento de culpa, que faz com que o ressentido sinta-se culpado pelo que o faz sofrer e o mova em direção à autopunição. Para completar o processe Nietzsche acrescentou um terceiro e último elemento, “o ideal ascético”. Tomado pela má consciência e pela culpa, restaria ao ressentido a negação da vida e do mundo. Para justificar seu sofrimento o “fraco” teria optado por “desejar o nada” (cristianismo) a “nada desejar” (budismo), idealizando um “mundo imaginário”, puro, perfeito, belo, antítese da vida terrena. Esse modelo moral socrático-platônico-cristão, chamado por Nietzsche de “moral de rebanho”, teria se transformado num instrumento nas mãos do sacerdote, uma espécie de terapeuta perverso, domesticador por excelência, disposto a subjugar os mais fracos, que incapazes de se levantarem contra seus dominadores passaram a rotular como “mal” tudo aquilo que lhes causava dor e sofrimento.

Nietzsche via a necessidade do homem ocidental se desvencilhar da moralidade cristã a fim de que pudesse nascer o que chamou de além-do-homem (Übermensch), novo homem capaz de levar às últimas conseqüências a afirmação da vida, dando vazão a sua “vontade de potência”. O grau de afirmação seria tal que o além-do-homem desejaria o eterno retorno, ciclo interminável da existência, vivenciando-a novamente em todos os detalhes, tanto os agradáveis, como aqueles que lhe causam dor e sofrimento. Para Nietzsche, este homem estaria por vir. Este seria o homem do futuro.




Jones F. Mendonça

CLODOVIS BOFF: "UMA IGREJA SECULARIZADA É IRRELEVANTE PARA A HISTÓRIA E PARA OS HOMENS"

Leonardo Boff tem um irmão, Clodovis Boff, intelectual dotado de extraordinária mente teórica (no livro "Teologia do político e suas mediações" Clodovis apresenta um profundo estudo teórico da teologia da libertação). Ambos caminharam juntos na defesa de teologia da libertação, até que em 2007 Clodovis passou a criticar o que chamou de "a instrumentalização da fé pela política". Além disso, acha que no discurso hegemônico da teologia da libertação "a fé em Cristo aparecia em segundo plano". 

Numa entrevista concedida à Folha de São Paulo (11/03/13) Clodovis Boff defende Bento XVI, critica o "cristianismo anônimo" de Karl Rahner,  a influência marxista e diz que o secularismo é uma "cultura de minorias" (e que está "perdendo o gás"!). 

Leia aqui


Jones F. Mendonça

terça-feira, 5 de março de 2013

domingo, 3 de março de 2013

MERECE APLAUSOS

Desmontagem e montagem Vtr Jeep - 17º Batalhão Logístico - Juiz de Fora - MG. 



Jones F. Mendonça

O VENTO QUE SOPRA SOB AS RÉDEAS DO DOGMA


Fiz hoje uma limpeza em minha estante de livros. Um formigueiro, acreditem, instalou-se num dos compartimentos. Achei por lá, perdida, uma Bíblia das Testemunhas de Jeová (Tradução do Novo Mundo - TNM). Gosto de comparar Gn 1,1-2 em diferentes versões. Eis o que li:
“No princípio criou Deus os céus e a terra. Ora, a terra mostrava ser sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a superfície da água de profundeza; e a força ativa de Deus movia-se por cima da superfície das águas”.
Há muito que discutir a respeito dessa tradução. Detenho-me, todavia, no trecho sublinhado: “e a força ativa de Deus”. 

As Testemunhas de Jeová acreditam que o Espírito Santo é uma espécie de força ativa, e não uma “pessoa”, como defende a “mais pura tradição cristã” (cf. Credo de Niceia-Constantinopla).  Bem, então os tradutores da TNM, imaginando que o texto fala a respeito desse poder operativo de Deus na terra, fazem uma interpretação do texto segundo o que acreditam (projetam no passado uma crença recente). Uma prática, infelizmente, muito comum na maioria das Bíblias.

A expressão hebraica “veruah elohim”, pode ser traduzida por “e o (ou um) espírito de Deus” ou, mais literalmente, “e o (ou um) espírito de elohim”, ou ainda “e o (ou um) vento de elohim”. Ruah (sem o “ve” prefixado, que é conjunção, daí “veruah”) pode ser traduzido por “espírito” ou “vento” ou até mesmo “fôlego”, mas “força ativa” jamais.

Alguém atirará pedras na Tradução do Novo Mundo dizendo que é uma tradução herege. Mas não caem na mesma categoria as Bíblias que traduzem “ruah” por “Espírito”, assim com letra maiúscula?


Jones F. Mendonça