segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CONFERÊNCIA DE COPENHAGUE: O AT SOB NOVA PERSPECTIVA

Sobre o livro
Com o objetivo de “avaliar algumas das principais mudanças no campo dos estudos bíblicos do Antigo Testamento” está programada para os dias 09 a 12 de outubro de 2013 uma conferência internacional em Copenhague, Dinamarca. Os principais conferencistas são Douglas Knight, Tomas L. Thompson, Philip Davies e Niels Peter Lemche (leia um pouco mais a respeito da escola de Copenhague neste post de abril de 2012).

Os títulos e resumos das palestras (em inglês) podem ser baixados em PDF no ObservatórioBíblico.

Fiquei particularmente curioso quanto ao trabalho do professor Philippe Wajdenbaum (Institut des Hautes Etudes de Belgique, Brussels), intitulado “From Plato to Moses: Genesis-Kings as a Platonic epic” (De Platão a Moisés: Gênesis-Reis como um épico platônico). Segue o resumo:
Desde que Niels Peter Lemche e Thomas L. Thompson postularam que a Bíblia Hebraica pode ser um Livro da era helenística, tem sido sustentada a hipótese de que ela se baseia em fontes clássicas gregas como Homero, Heródoto e Platão.
 
Em Leis, Platão imaginou um Estado de doze tribos regido por leis divinas, das quais cerca de cinqüenta possuem pontos de contato com leis do Pentateuco. Platão encorajou o fundador do seu estado ideal a usar mitos, contos e fábulas para ilustrar como a obediência à lei é recompensada pela divindade e como desobediência traz punição.
 
A narrativa de Gênesis a Reis ("História Principal") parece ter sido inspirada nesse projeto platônico. Os livros de Gênesis a Josué relacionam a fundação de tal estado, enquanto Juízes, Samuel e Reis parecem modelá-lo de acordo com a Atlântida de Platão, mito da um estado que poderia ter sido perfeito, não tivessem seus reis negligenciado as leis divinas e provocado sua destruição.
Hipótese pra lá de ousada. Das 28 palestras programadas para o evento esta talvez seja a mais polêmica.



Jones F. Mendonça

3 comentários:

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  2. Cris,

    A crença na existência de um “outro mundo”, supraterreno, tem origem bem antiga. Há registros de indicam a crença no dualismo entre os egípcios desde a V dinastia (III milênio AEC):

    “Rá te recebe, alma no céu, corpo na terra”.

    Outro texto, este da VI Dinastia, diz do falecido:

    “Tua essência está no céu, teu corpo está na terra”.

    No período ptolomaico (séc. IV EAC) aparece este registro em relação ao destino do falecido:

    “O céu tem a tua alma, a terra o teu corpo”.

    A ênfase, neste caso é entre alma-corpo (dualismo antropológico). A religião persa enfatizou o dualismo metafísico (duas forças criativas), no qual dois deuses disputam entre si.

    Platão parece ter amadurecido ideias já presentes em diversas culturas. Dada a sofisticação de seu pensamento, e sua adoção por parte dos cristãos, o dualismo acabou se perpetuando na civilização ocidental.

    Quanto ao trabalho do professor Philippe Wajdenbaum, fica a pergunta: se de fato houve influência de Platão na elaboração do relato bíblico Gn-Rs, vestígios da terminologia platônica não deveriam estar presentes no texto?

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  3. Jones,

    Já leu este artigo do Osvaldo Luiz Ribeiro?: http://www.oracula.com.br/numeros/022006/artigos/ribeiro.pdf

    O que penso - é só uma conjectura, já que não aprofundei no assunto - é que como você disse, Platão é que teria sido influenciado por ideias de outras culturas, que também teriam influenciado os escritores/redatores de Gn-Rs.

    Robson Guerra

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