sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ZÉ BOBINHO E O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Zé Bobinho adora postar fotos de dias comemorativos no Facebook. É primavera: flores com abelhinhas lambuzadas de pólen. É dia internacional da mulher: beldades sorridentes com batom escarlate. É dia do soldado: fardados perfilados e bem alinhados com fuzis no ombro. É dia da consciência negra: [...].

Bem, neste dia Zé Bobinho fica extremamente irritado. Acha bobagem um dia da consciência negra. E protesta: Por que não um dia do amor? Da solidariedade? Do humano?

Confesso que não entendo Zé Bobinho (mentira, na verdade entendo muito bem o que se passa em sua cabeça).


Jones F. Mendonça

OS MANUSCRITOS DE KETEF HINOM (MANUSCRITOS DE PRATA)

Escavações feitas em Jerusalém por Gabriel Barkay no final da década de 70 revelaram a existência de dois importantes amuletos datados para o século VI ou VII a.C.  Ambos foram encontrados em Ketef Hinom, região que tem vista para o Vale do Hinom. O achado contém uma folha de prata com um texto (com ligeiras modificações) do livro bíblico de Números (Nm 6,24-26), passagem conhecida como “bênção sacerdotal” ou “bênção aarônica”. 
O Senhor te abençoe e te guarde;
O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
O Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.
O documento não prova que o livro de Números (muito menos todo o Pentateuco) já estava concluído no século VI ou VII, e nem que Moisés foi seu autor. Revela apenas que o trecho em questão era conhecido pelos dos hebreus do período pré-exílico.



Jones F. Mendonça

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

MACHO ALFA E O CRISTO ROSA

Macho Alfa foi ao Corcovado e viu o Cristo com iluminação rosa. Começou a gritar: “conspiração gay! Conspiração gay! Isso é coisa do PT, do Jean Wyllys...”.

Uma senhora, percebendo o que se passava no fundo da alma do rapaz, não perdeu tempo: “Calma, meu jovem, segura essa franca enrustida. A nova iluminação é apenas parte de uma campanha mundial para a conscientização do câncer de mama”.

Pobre Macho Alfa. Ainda não se deu conta que essa negação exacerbada do que está fora revela uma afirmação que pulsa por dentro.



Jones F. Mendonça

sábado, 25 de outubro de 2014

PROFECIA E POESIA

Ele poderia ter dito: 
“Babilônia, tu vai se arrebentá. Mardita cidade dos infernos!”.

Mas ele disse: 
“Desce, e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão sem trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás chamada a mimosa nem a delicada. Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu, suspende a cauda da tua vestidura, descobre as pernas e passa os rios. A tua nudez será descoberta, e ver-se-á o teu opróbrio”.

Preferiu dizer com elegância, com belas metáforas, com poesia. Que falta fazem os profetas às igrejas.



Jones F. Mendonça

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

PR BOBINHO E A EXEGESE DE CABRESTO

Pr Bobinho, inspirando-se na pregação do Silas Malapacas, também sobe ao púlpito e grita um versículo tomado do livro das Crônicas: “todas as cidades, pelas suas famílias, foram treze” (1 Cr 6,60). E arremata com um malabarismo exegético: “É isso aí, mermão, como diz na Palavra: vote 13! Pelo bem das famílias”.

PS – o episódio descrito acima é mera ficção, mas expressa o tipo de leitura que se faz em boa parte das igrejas.



Jones F. Mendonça

QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO?

Duas matérias publicadas no Haaretz (30/06/11 e 22/10/2014) certamente despertarão o interesse de quem está dando os primeiros passos no estudo do Antigo Testamento: "Who Wrote the Torah?" e " Israeli software supports theory that Bible was written by multiple authors". 

Segue trecho: 
Mesmo uma leitura superficial do Pentateuco, cinco primeiros livros da Bíblia hebraica, mostra que a Torá não pode ter sido escrita por uma única pessoa [...] 1) A linguagem utilizada em diferentes trechos varia muito; 2) Variação ideológica; 3) Contradições na narrativa; 4) Texto estranhamente repetitivo em algumas partes, sem nenhum motivo aparente, indicando que duas versões de uma única história foram unidas.


Jones F. Mendonça

terça-feira, 21 de outubro de 2014

MALAPACAS E A ALEGORIA DE CABRESTO

Malapacas sobe ao púlpito. Quer convencer os fiéis que seu candidato foi indicado por Deus. Cita o Gênesis, capítulo dezoito, verso vinte e oito: “Não destruirei a cidade, se eu achar ali quarenta e cinco”. Diz que o texto esconde um mistério: “presta atenção, rapá, a Palavra tá dizendo: só o 45 poderá salvar a nação!”. Os fiéis vão ao delírio. Inventou o voto de versículo.  

PS – O episódio descrito acima não aconteceu de verdade (mas bem que poderia ter acontecido).


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O FÉRTIL CRESCENTE (NAÇÕES - RIOS/LAGOS/MARES - ELEVAÇÕES)

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Vermelho
1. Canaã (depois da ocupação da terra, Israel)
2. Egito (delta do Nilo)
3. Assíria (em 722 toma Samaria)
4. Babilônia (em 587 destrói Jerusalém)

Azul
1. Rio Tigre
2. Rio Eufrates
3. Mar da Galileia (na verdade, um lago);
4. Rio Jordão
5. Mar Morto (na verdade, um lago);
6. Mar Mediterrâneo
7. Rio Nilo
8. Mar Vermelho

Verde
1. Monte Sinai (local tradicional)
2. Monte Nebo (morte de Moisés)
3. Monte Carmelo (Elias e os profetas de Baal)
4. Monte Hermon (nascente do Jordão)


Jones F. Mendonça

domingo, 5 de outubro de 2014

AS ORIGENS OBSCURAS DO YOM KIPPUR [NO HAARETZ]

Segue trecho do artigo publicado no Haaretz (30/09/14) a respeito do Yom Kippur:
Escrevendo logo após o Primeiro Templo, destruído pelos babilônios, Ezequiel parece ignorar o Yom Kippur. Não está na sua lista de feriados que deveriam ser observados quando o templo fosse reconstruído. Nem Zacarias parece ter qualquer noção do Yom Kippur quando instruiu os judeus que retornaram do cativeiro na orientação a respeito dos dias de jejum. 
Quando Esdras leu a Torá para os judeus que retornaram no dia primeiro de Tishrei, eles aprenderam que precisavam se preparar para a Sucot [festa das tendas], mas nada é mencionado em relação ao Yom Kippur. Assim, parece que os três textos bíblicos que mencionam o Dia da Expiação (Números 29, 7-11, Levítico 16, 1-34, e Levítico 23, 26-32) foram inseridos por sacerdotes durante o período do Segundo Templo com o propósito de validar novos ritos adicionados para purificar o templo antes do feriado mais importante do calendário judaico, a Sukkot.

Jones F. Mendonça