quarta-feira, 29 de abril de 2015

AS CAVERNAS DE QUMRAN E OS ESSÊNIOS [VÍDEO]

Em 1946 um pastor beduíno à procura de uma cabra perdida na região de Qumran, nas proximidades do Mar Morto, acabou encontrando uma série de cavernas antigas contendo textos religiosos dos hebreus (Antigo Testamento e outros). Após acurada análise, os especialistas descobriram que os livros bíblicos eram mil anos mais antigos que os disponíveis na época (que eram do século X d.C.).  O vídeo abaixo, gravado por um drone e postado no Israel Today, mostra as cavernas de Qumran e as ruínas da comunidade sectária dos essênios. De todos os vídeos que vi mostrando as cavernas, este é sem dúvida o melhor. 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

REUNIÃO DE GRUPOS DE OPOSIÇÃO:

Grupo 1: “Vamos entregar tudo aos militares. Eles são organizados, disciplinados e batem forte. Se alguém discordar de nós, arrancamos suas unhas”.

Grupo 2: “Vamos entregar tudo aos gringos. Eles são ricos, poderosos e brancos. Se o povo se opuser inventamos que o PT está construindo uma bomba atômica e eles invadem na hora”.

Grupo 3: "Trocamos o PT por qualquer coisa, até pelo retorno da monarquia. Aliás, deveríamos inclusive revogar a rei áurea e impedir que os pobres votem".

É, há grupos mais inteligentes (e humanos), mas quase não ouço suas vozes.



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 17 de abril de 2015

PADRE FÁBIO DE MELO: LATRIA, HIPERDULIA E EXCOMUNHÃO

O Padre Fábio de Melo jamais será excomungado por criticar a adoração a Maria. A razão é muito simples. Na doutrina católica o culto que se presta a Maria é apenas culto de hiperdulia, nunca de latria, reservado apenas às três pessoas da Trindade (Concílio de Niceia II, 787 d.C.). Mais que isso: no catolicismo Maria é sempre intercessora, nunca mediadora (papel reservado ao Cristo). Tá, eu sei que uma coisa é a teoria e outra é a prática. Também sei que a esmagadora maioria dos fiéis não conhece essas sofisticadas sutilezas teológicas, mas é o que está escrito.

Por fim: você pode achar todas essas distinções uma grande bobagem, mas entenda uma coisa: o padre cantor/professor nunca será excomungado por suas críticas à adoração a Maria. Ele não é bobo, sabe escolher bem as palavras...



Jones F. Mendonça

sábado, 11 de abril de 2015

ZÉ BOBINHO E LUTHER KING

Tese do Zé Bobinho: "a melhor maneira de combater o racismo é não falar sobre ele". Puxa, deviam ter dito isso para o Luther King. Perdeu um tempo danado discursando, fazendo passeatas. Até morreu pela causa. Podia ter permanecido entre os muros da igreja, quem sabe discutindo o sexo dos anjos ou a intensidade do brilho do ouro celeste. Teria salvado sua vida! Mas não, cismou de sair por aí denunciando a segregação racial. Zé Bobinho é realmente um cara genial. Demonstrou como foi inútil o ativismo do pastor batista.


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 9 de abril de 2015

AMBRÓSIO E A DANÇA

Ambrósio (340-397), arcebispo de Milão, querendo dissuadir as cristãs a evitarem a dança, citou o seguinte exemplo bíblico:
João, o precursor de Cristo, sendo degolado por vontade de uma dançarina, é um exemplo de que as seduções da dança fazem mais mal do que a loucura de um sacrilégio (Da virgindade, Livro III, capítulo V).
Leia "Da virgindade", de Ambrósio aqui.



Jones F. Mendonça

quarta-feira, 8 de abril de 2015

MISOGINIA NO CRISTIANISMO PRIMITIVO

Basta dar uma rápida olhada nos textos escritos pelos primeiros cristãos para perceber como era forte a visão da mulher como “isca de Satanás” e “portão do diabo”. Cipriano (bispo do séc. III), por exemplo, dizia que os demônios ensinaram as mulheres 
a pintar os olhos espalhando uma substância negra ao seu redor, e a tingir as bochechas com um enganoso vermelho, e a mudar o cabelo com cores falsas, e a expulsar toda a verdade do rosto e da cabeça com o ataque de sua corrupção (Do vestuário das virgens, 14).
A investida anticosmética de Cipriano tem como argumento principal o seguinte: uma vez que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, não devemos nos atrever a mudar o que Deus fez. Tratar-se-ia, portanto, de uma “agressão à obra divina e uma prevaricação da verdade”.

E pensar que em pleno século XXI o argumento que contrapõe o “natural” (divino)  ao “antinatural” (diabólico) ainda faz sucesso.

Leia o texto completo “Do vestuário das virgens”, de Cipriano, aqui (em inglês).



Jones F. Mendonça

terça-feira, 7 de abril de 2015

SOBRE BESTAS E CABELO DE MULHER

Leio Vegécio, escritor romano do século IV, autor de “Compêndio da arte militar”. No livro IV, capítulo II desta obra, Vegécio dá orientações a respeito da importância do nervo de boi numa guerra, usado em arcos de bestas. A questão que ele discute é: “e quando não há nervos disponíveis?” A solução apresentada pelo escritor latino é um tanto quanto inusitada: 
Os nervos podem ser substituídos por crinas de cavalos e mesmo pelos cabelos das mulheres, como prova a experiência romana.
Vegécio cita como exemplo o cerco ao Capitólio. Nessa ocasião, diante da falta de nervos, as damas da cidade teriam cortado seus cabelos e doado a seus maridos combatentes, que puderam consertar suas armas de guerra. Com tal artifício, o inimigo teria recuado.  Vegécio conclui (dito com minhas palavras): “é melhor ser uma careca livre ao lado do marido, que uma escrava bela no leito do inimigo”.



Jones F. Mendonça

quinta-feira, 2 de abril de 2015

CASTLE OF GLASS - LINKIN PARK

PÁSCOA, PÃES ÁZIMOS E SACERDOTES

A festa da Páscoa, de Dieric Bouts, 1464-67
No livro do Êxodo, capítulo 12, versos 1 a 20, Moisés dá a seguinte orientação a respeito da páscoa: Um cordeiro ou cabrito deve ser morto na tarde do décimo quarto dia (12,6) do primeiro mês, sendo seu sangue aspergido nos umbrais das portas. O ritual é acompanhado por uma refeição que inclui carne assada, pão sem fermento e ervas amargas (12,8). Originalmente páscoa e pães ázimos eram duas comemorações distintas, relacionadas com o ritmo da natureza (oriundas do ambiente cananeu). Mais tarde foram interpretadas a partir do evento do Êxodo.

O texto destaca que a festa dos pães sem fermento (matzah) deve ser comemorada como “estatuto perpétuo” (huqqat olam, cf. 12,14). Para eliminar o risco do uso de fermento (e de uma severa punição), os israelitas deviam tirá-lo de suas casas: 
Êx 12,19-20  Por sete dias comereis pães ázimos; logo ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas, porque qualquer que comer pão levedado, entre o primeiro e o sétimo dia, esse será cortado de Israel. 20 Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos.
Mas o povo parece não ter dado ouvidos às orientações de Moisés, pois em 12,39 é dito que o pão “não se tinha levedado”, não pela ausência de fermento, mas porque não houve tempo para isso. Veja: 
Ex 12,34 Ao que o povo tomou a massa, antes que ela levedasse...

Êx 12,39 E cozeram a massa que levaram do Egito, bolo amargo, pois ela não se tinha levedado (hametz), porquanto foram expulsos do Egito; e não puderam retardar a partida, nem haviam preparado comida.
Como explicar tamanha contradição? A solução pode ser encontrada a partir do seguinte procedimento: leia Ex 11,1-10 e depois salte para 12,21. Entenda o trecho que vai de 12,1-20 como inserção sacerdotal tardia com o propósito de ressaltar a importância da páscoa como “estatuto perpétuo” a “todas a gerações”, num dia fixo, o 14 de Nissan (12,14). Num outro momento da história de Israel surge uma nova mudança: a Páscoa passa a ser celebrada em apenas "no lugar que Javé elohim escolher" (Dt 16,5-6), ou seja, Jerusalém. 


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O SACRIFÍCIO DE PÁSCOA E O INSTITUTO DO TEMPLO




Desde a destruição do templo de Jerusalém, no ano 70 d.C., os sacrifícios formam suspensos no judaísmo (com exceção do kapparot, feito por uma minoria religiosa).

Nas ruínas do antigo Templo, ampliado e embelezado por Herodes a partir do século I a.C., foi construído um templo religioso muçulmano (uma mesquita), obra no século VII d.C. Atualmente são proibidas orações e atos religiosos judaicos no monte do Templo, que é controlado pela Waqf da Jordânia, país vizinho de Israel.

Em 1987 foi fundado o Instituto do Templo, organização que recolhe fundos para concretizar a visão do profeta Ezequiel a respeito da reedificação da antiga “casa de Deus”. No vídeo acima você poderá observar uma simulação do sacrifício de páscoa organizado pelo Instituto. Observe que os organizadores do ritual buscaram simular o cenário ideal, erguendo uma grande tela com a imagem do santuário judaico que esperam que seja construído no local onde atualmente está a mesquita de Al Aqsa.


Jones F. Mendonça

NOTÍCIAS DO ORIENTE


1. Acabo de ler no Haaretz que a Autoridade Palestina é um novo membro oficial do Tribunal Penal Internacional. O que isso significa? Bem, a partir de agora líderes israelenses podem enfrentar acusações de crimes de guerra em território palestino.

2. Tanto o Haaretz como o Jerusalém Post publicaram uma notícia que provavelmente vai causar certa preocupação em Israel: O Irã está fornecendo ogivas guiadas por foguetes ao Hezbollah, grupo paramilitar xiita com base no Líbano (será verdade?). Caso ocorra uma guerra entre Israel e o grupo libanês, milhares de foguetes podem despencar em Israel diariamente, fazendo muitas baixas.

3. Centenas de pessoas participaram de um “ensaio” do sacrifício de páscoa no bairro de Kiryat Moshe, em Jerusalém. Após o abate, o sangue foi derramado num altar e o cordeiro foi mostrado à multidão depois de ter sido esfolado. Seus órgãos foram colocados sobre o altar e um grande espeto foi inserido em seu corpo. O ritual é uma espécie de ensaio, na expectativa de que o governo de Israel autorize a presença de judeus no monte do Templo, atualmente proibida com o propósito de evitar tumultos. A matéria, também publicada no Haaretz, está disponível apenas para assinantes. 


Jones F. Mendonça