segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

COMBATE MORTAL EM “A VIDA DOS SANTOS”

Você arriscaria uma interpretação para esta imagem?


Sim, parece um sacerdote fazendo o sinal de “paz e amor” a um lutador do game Mortal Kombat cuspindo uma besta de três cabeças. Será?

É claro que não. A imagem retrata o exorcismo de Leão IX. Repare no báculo e na mitra papal. O sujeito de verde está possuído por um demônio (que dá as caras saindo pela boca) e o papa faz o sinal do Pantocrator, símbolo da onipotência divina, a fim de repreendê-lo. O que parecem sinais indicando a trajetória do possuído é na verdade uma costura feita para emendar a folha rasgada do manuscrito.

A imagem ilustra a página 191r do manuscrito “Vida dos santos”, produzido no século XII. Você poderá folhear suas belas páginas ilustradas aqui


Jones F. Mendonça

sábado, 27 de fevereiro de 2016

JERUSALÉM, O IMPERADOR E A LOJA DE DOCES PALESTINA

Em 130, após visitar Jerusalém com seu amante Antinoo, o imperador Adriano decidiu transforá-la numa clássica cidade romana, erradicando deliberadamente seu caráter judaico. Em 132-135 os judeus se revoltaram sob a liderança de Bar Kokhba, que acabou morto pelas tropas lideradas por Júlio Severo.

Resquício dos edifícios de Adriano podem ser vistos, por exemplo, na loja de doces Zalatimo, que incorpora os restos da porta do Templo de Júpiter e a entrada do fórum principal. Eis uma foto do local:


Você pode visitar o site oficial da tradicional loja de doces Zalatimo aqui.

Veja algumas fotos do interior da loja aqui.


Jones F. Mendonça

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O TERMO “PALESTINA” EM “HISTÓRIAS” DE HERÓDOTO E "ANTIGUIDADES" DE JOSEFO

Para quem acredita nessa história de que o termo “Palestina” é invenção do imperador romano Adriano, em 135 d.C., vale consultar Heródoto: 
Esta parte da Síria, com toda a região que se estende até as fronteiras do Egito, chama-se Palestina (Histórias, VII, 89).
Heródoto, para quem não sabe, viveu no século V a.C.

O que Adriano fez foi mudar o nome de Jerusalém para Aelia Capitolina (=cidade de Aelius, ou seja, cidade de Adriano). O nome não colou. Ainda bem, Jerusalém soa bem melhor.

Até mesmo Josefo (37-100 d.C.), um judeu fariseu, não hesitou em usar a designação mais comum para a região: 

“Abraão, agora removido de Gerar da Palestina, levando Sara junto com ele...” (Antiguidades,I, 12). 
Pessoalmente uso o termo Palestina (ou Siro-Palestina) para designar a costa oriental do Mediterrâneo. Há quem não goste do termo porque parece legitimar a relação dos palestinos (árabes que passaram a ocupar a região após a diáspora judaica) com a terra, como se desde Heródoto eles estivesse lá.  Ora, isso não faz qualquer sentido, afinal os palestinos são chamados assim por causa do antigo nome da região e não o contrário. 


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ALFABETO HEBRAICO [VOCALIZAÇÃO]

UR DOS SUMÉRIOS, UR DOS CALDEUS

1) Ruínas, às margens do Eufrates, Iraque; 
2) Ilustração (por Balage Balogh) representando a cidade tal como era com base em suas ruínas. Destaque para o Zigurate, dedicado ao deus Nin-Gal e Nannar (deus e deusa associados à lua).





Jones F. Mendonça

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O FÉRTIL CRESCENTE [GEOGRAFIA BÍBLICA]


Com a ajuda do fantástico Google Earth Pro, do editor de vídeo Format Factory e da música de Ensemble Peregrina, finalmente consegui concluir o vídeo para a aula de terça. Ufa!


Jones F. Mendonça

sábado, 13 de fevereiro de 2016

AMOR PICANTE EM "ROMAN DE LA ROSE"

O poema francês medieval Roman de la Rose, um sonho alegórico sobre o amor escrito no século XIII, está dividido em duas partes: 1) amor cortês (por Guilherme de Lorris) e 2) amor mundano (por Jean de Meun).

A segunda parte, polêmica por sua misoginia e sensualidade, contém imagens como essa:



É ou não picante?


Jones F. Mendonça

CRISTO FARMACÊUTICO NO GALLICA


Uma ilustração muito curiosa: Cristo como farmacêutico prescrevendo uma receita para Adão e Eva. Enquanto Cristo esbanja simpatia, o casal esbanja vergonha. 

No Printerest diz que foi produzida em 1537 e que está disponível na Biblioteca Nacional da França (BNF). Visitei o Gallica (site da BNF) em busca de maiores informações e encontrei o seguinte:

Título: Chants royaux sur la Conception, couronnés au puy de Rouen de 1519 à 1528;
Data de emissão: 1501-1600 
Tipo: manuscrito 
Idioma: francês 
Formato: Velino, miniaturas 

Caso queira visitar dar uma boa expiada no manuscrito, clique aqui (a imagem aparece no folio 82v).



Jones F. Mendonça

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O MURO DAS LAMENTAÇÕES E A SEGREGAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

Numa decisão considerada histórica, o governo de Israel aprovou projeto que viabiliza a oração conjunta entre homens e mulheres no Muro das Lamentações.

Atualmente as orações são realizadas em seções separadas por uma espécie de cerca (48m reservados aos homens e 17m às mulheres). A ideia é criar uma terceira seção mista (81m), controlada por uma comissão composta por judeus reformistas.

A novidade desagradou grupos de judeus ultra-ortodoxos como os membros do partido Shas (dizem que a medida “prejudica a tradição”).  Com uma justificativa diferente, mas igualmente contra a criação de um terceiro pavimento, aparece Eilat Mazar, respeitada arqueóloga israelense.

De acordo com Mazar, as obras para a criação do novo espaço poderiam ser desastrosas, uma vez que serão realizadas na última área remanescente onde os sinais da destruição do Segundo Templo, há pouco menos de 2.000 anos, podem ser testemunhados.

Para Anshel Pfeffer, do jornal israelense Haaretz, a decisão de criar um terceiro espaço representa uma derrota para os progressistas e não uma vitória. Para ele, a aceitação de uma zona de oração isolada revela a “submissão do governo à hegemonia fundamentalista”.


Jones F. Mendonça