quarta-feira, 27 de julho de 2016

LUTERO: “ARISTÓTELES, AQUELE PALHAÇO!”

Hortus deliciarum
Diante da inquietante questão: “como alcançar a justiça diante de Deus?”, teólogos medievais foram buscar respostas na filosofia de Aristóteles (no habitus aristotélico). A solução encontrada: Deus infunde no fiel um “habitus” (hábito) sobrenatural que exige do indivíduo um esforço por torná-lo efetivo. Desse modo, quanto maior o esforço individual no exercício dos dons divinos, mais merecedor de graça será o fiel.

Isso explica a fórmula católica: "as obras cooperam com a graça". Lutero, grande crítico da teologia escolástica, chama Aristóteles de “aquele palhaço que, com sua máscara negra, enganou a igreja”. Em outro texto: “Aristóteles está para a teologia assim como as trevas estão para a luz” (97 teses contra a escolástica, tese 50). O reformador, como se vê, não tinha papas na língua. 

A imagem acima (hortus deliciarum) retrata a ascensão do cristão até Deus pela “escada das virtudes”. Se o esforço não é suficiente há uma solução: “quem cair pode retomar a escalada graças ao remédio da penitência”. A penitência e os demais sacramentos funcionavam como uma espécie tônico fortificante, capaz de infundir graça e virtude nos fiéis.  Daí a importância da missa: “domingo sem missa, semana sem graça”. Em suma: sem missa não há alegria; sem missa não há recebimento de graça, de virtudes capazes de ajudar o fiel em sua ascensão aos céus.  



Jones F. Mendonça

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